(Reuters) – O dólar começava setembro em alta ante o real, retomando o patamar de 4,15 reais, depois de no mês passado registrar a maior valorização mensal em quatro anos.
Às 10h05, o dólar à vista subia 0,25%, a 4,1523 reais na venda.
Na B3, o dólar futuro para outubro tinha alta de 0,27%, a 4,1590 reais.
O movimento local espelhava a força do dólar no exterior, com a moeda alcançando máximas em mais de dois anos frente a uma cesta de divisas, enquanto moedas consideradas termômetro de demanda por risco —como os dólares australiano e neozelandês— em queda, ainda sob efeito de tensões do lado comercial.
Os Estados Unidos começaram a impor tarifas de 15% sobre uma variedade de produtos chineses no domingo —incluindo calçados, relógios inteligentes e TVs de tela plana—, enquanto a China começou a cobrar novas tarifas sobre o petróleo norte-americano.
No plano doméstico, os mercados avaliavam ainda a piora na avaliação do governo Bolsonaro, buscando indicações sobre como isso pode afetar a agenda de reformas. A reprovação ao presidente Jair Bolsonaro subiu para 38% em agosto ante 33% em julho, enquanto a aprovação passou de 33% para 29%, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira.
A combinação entre guerra comercial no exterior, fluxos de saída do mercado local e a crise na Argentina empurraram o real para baixo em agosto, com a divisa brasileira amargando o segundo pior desempenho numa lista de cerca de 30 pares do dólar —melhor apenas que o combalido peso argentino.
Em agosto, o dólar saltou 8,51% ante o real, maior alta mensal desde setembro de 2015 (9,33%).
“Os fatores que influenciam o real parecem menos atrativos agora do que há apenas um mês”, disseram estrategistas do Goldman Sachs em nota a clientes.
Por isso, os profissionais elevaram as projeções para o dólar. Dentro de três meses, a expectativa agora é que a moeda fique em 4,05 reais (3,70 reais antes). Ao fim de seis meses o dólar deve estar em 3,95 reais, contra 3,65 reais da projeção anterior. Finalmente, ao término de 12 meses a moeda ficará em 3,85 reais, frente a 3,60 da estimativa anterior.
O Banco Central vendeu nesta segunda-feira 450 milhões de dólares em moeda à vista em operação simultânea com a colocação de 9 mil contratos de swap cambial reverso.