(Reuters) – O dólar subiu pelo segundo dia consecutivo ante o real nesta terça-feira, o que não acontecia desde o começo do mês, num movimento influenciado pelo ambiente externo de dados fortes nos Estados Unidos, que alimentaram incerteza sobre quão “dovish” o Federal Reserve será ao decidir o rumo do juro no fim deste mês.

O dólar à vista teve valorização de 0,39%, a 3,7711 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro mais negociado tinha alta de 0,29%, para 3,7720 reais. Lá fora, o índice, que mede a variação do dólar contra uma cesta de moedas, subia 0,45%.

Além do otimismo com a reforma da Previdência, as quedas recentes do dólar vinham sendo atribuídas em parte à percepção de que o Fed poderia cortar os juros em 0,50 ponto percentual no fim de julho. O chairman do banco central dos EUA, Jerome Powell, reiterou a promessa de “agir conforme apropriado” para sustentar a expansão econômica dos EUA.

Juros mais baixos nas principais economias melhoram a relação risco/retorno para aplicações em ativos de mercados mais arriscados, como os emergentes, o que pode estimular entrada de capital para o Brasil, contribuindo para alívio no dólar.

Apesar de dúvidas, alguns analistas de mercado ainda veem um cenário de dólar mais fraco no mundo como resultado da sinalização de corte de juro pelo Fed devido a questões fora dos EUA.

“Em 2016, o Fed assumiu postura similar por algum tempo, o que preparou as bases para um impressionante rali nos mercados emergentes até o começo de 2018”, disseram estrategistas do Morgan Stanley em nota a clientes. Nesse intervalo, as moedas emergentes se valorizaram 22%.

“Para o real, vejo a taxa de 3,80 (por dólar) como justa até o fim do ano, mas ainda acredito que o dólar poderá cair abaixo das mínimas recentes no segundo semestre conforme a reforma da Previdência avança no Congresso”, afirmou Rodrigo Franchini, responsável pela área de produtos da Monte Bravo.

A mínima recente de fechamento para o dólar foi de 3,7393 reais, em 12 de julho.