O dólar abandonou as máximas desta sexta-feira após saltar brevemente na esteira de dados fortes sobre o mercado de trabalho norte-americano, conforme participantes do mercado avaliavam se a notícia pode fazer com que o Federal Reserve se sinta mais confortável em apertar a política monetária agressivamente.
A criação de vagas de emprego nos Estados Unidos superou as expectativas em maio, informou o Departamento do Trabalho nesta sexta-feira, enquanto a taxa de desemprego permaneceu em 3,6%, sinais de um mercado de trabalho apertado.
Foram criados 390 mil postos de trabalho fora do setor agrícola dos EUA, segundo os dados, superando expectativa em pesquisa da Reuters de abertura de 325 mil vagas.
Às 11:27 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,01%, a 4,7857 reais na venda.
Na B3, às 11:27 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,30%, a 4,8235 reais.
No pico do dia, atingido após a divulgação dos dados de emprego, a moeda à vista acelerou a alta a 0,97%, para 4,8325 reais, embora já tenha perdido fôlego desde então. Na mínima da sessão, o dólar caiu 0,21%, a 4,7760 reais.
O fortalecimento do dólar no mercado doméstico nos picos do dia acompanhou a aceleração pontual dos ganhos do índice da divisa norte-americana frente a uma cesta de rivais fortes, que subiu mais de 0,4% por volta de 9h50 (de Brasília), em meio à alta dos rendimentos dos títulos soberanos dos EUA para seus maiores patamares em duas semanas.
Às 11h20, no entanto, o índice do dólar havia reduzido os ganhos para cerca de 0,20%, o que se refletiu no mercado doméstico.
“O ‘payroll’ forte elevou temporariamente as expectativas em relação a alta de juros, e isso puxou o mercado”, disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da assessoria de câmbio FB Capital. “Mas pudemos enxergar na sequência o dólar perdendo força, não apenas ante ao real, mas também a outras divisas emergentes.”
Ele também afirmou que o salto do dólar acima da marca de 4,80 reais nas máximas do dia pode ter atraído fluxo de recursos de exportadores para o mercado, aliviando a pressão sobre o real.
A reação inicial dos ativos aos dados de emprego dos EUA refletiu a percepção de que pode haver espaço para o banco central norte-americano continuar enfrentando a inflação de maneira agressiva, depois que temores de recessão levantaram apostas numa possível pausa no ciclo de aperto monetário do Fed nas últimas semanas.
No entanto, alguns investidores notaram a estabilidade da taxa de desemprego dos EUA –contra expectativa de queda– e uma alta menor que o esperado no crescimento dos salários dos norte-americanos como um contraponto à leitura robusta de vagas criadas, já que podem justificar desaceleração do aperto do Fed.
Juros mais altos na maior economia do mundo são vistos como fator de impulso para o dólar, já que tendem a atrair recursos para o mercado de renda fixa norte-americano.
Com o desempenho desta manhã e após alta robusta registrada na quarta-feira, a divisa dos EUA ficava a caminho de registrar avanço de 1,5% em relação ao fechamento da última sexta-feira, o que interromperia uma sequência de três ganhos semanais consecutivos.
A moeda norte-americana à vista fechou a última sessão em queda de 0,42%, a 4,7862 reais na venda.
(Reuters)