(Reuters) – O dólar fechou em alta contra o real nesta quinta-feira, em meio à cautela com o embate comercial entre China e Estados Unidos, mas a divisa se afastou das máximas do dia, depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, não descartar chance de acordo comercial com o país asiático ainda nesta semana.
O dólar interbancário subiu 0,52 por cento, a 3,9536 reais na venda.
Na B3, a referência do dólar futuro tinha alta de 0,60 por cento, para 3,9600 reais.
Na máxima do dia, o dólar no mercado à vista chegou a ser negociado a 3,9821 reais, alta de 1,24 por cento.
Segundo Isabela Guarino, economista-chefe da XP Asset Management, o câmbio ficou mais pressionado pela manhã conforme investidores tiveram leitura mais “dovish” (inclinada a afrouxamento monetário) a partir do comunicado da decisão do Copom, na noite da véspera.
“O que percebemos é que existe um impacto não linear da queda dos diferenciais de juros sobre a taxa de câmbio. O impacto é maior quando o juro cai a partir de taxas já mais baixas”, acrescentou.
A taxa básica de juros da economia brasileira está em 6,50 por cento ao ano, já na mínima histórica. E, na curva de juros da B3, alguns investidores já consideram chance de retomada de cortes.
Durante a tarde, porém, o dólar desacelerou os ganhos concomitante à melhora do desempenho de ativos de risco no exterior, após Trump dizer que recebeu uma “bela carta” do presidente chinês, Xi Jinping, enquanto as negociações sobre um acordo comercial entre os dois países continuam em Washington.
A melhora do sinal do câmbio no Brasil só não foi maior devido a notícias que voltaram a levantar dúvidas sobre a capacidade de articulação do governo de Jair Bolsonaro.
A comissão mista que analisa a MP da reestruturação administrativa do governo impôs uma derrota ao governo e ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, ao aprovar nesta quinta-feira emenda que devolve o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ao Ministério da Economia.
O governo tem tentado convencer parlamentares a aprovar a reforma da Previdência, mas ainda enfrenta resistência de um número significativo de deputados, alguns dos quais de legendas teoricamente alinhadas a Bolsonaro.