O dólar operava entre estabilidade e leve queda nesta terça-feira, refletindo a manutenção do otimismo global depois da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais dos Estados Unidos e de notícias de sucesso em uma vacina para a Covid-19 da Pfizer.
Às 10:27, o dólar recuava 0,02%, a 5,3842 reais na venda, enquanto o contrato mais negociado de dólar futuro tinha queda de 0,09%, a 5,3855 reais.
Esta sessão era marcada pela permanência do bom humor internacional, que na véspera impulsionou a demanda por ativos arriscados, como ações e moedas de países emergentes.
Parte do movimento foi atribuída por analistas à clareza sobre a vitória eleitoral de Biden, que superou o patamar de 270 votos no Colégio Eleitoral norte-americano, assegurando a liderança da Casa Branca a partir de janeiro de 2021.
Ao mesmo tempo, a taxa de sucesso de mais de 90% em uma vacina para a Covid-19 da Pfizer ajudava a impulsionar o sentimento, com os investidores esperançosos de que o controle da pandemia poderá ajudar na recuperação global diante de uma forte recessão.
“O mercado hoje, como ontem, está acompanhando o otimismo geral”, disse à Reuters Mauriciano Cavalcante, diretor de câmbio da Ourominas, citando tanto a notícia da vacina como a vitória de Biden.
No entanto, ele disse que a moeda norte-americana deve permanecer em um intervalo entre 5,35 e 5,40 reais, ressaltando que, no pregão anterior, o mercado de câmbio doméstico se mostrou muito especulativo depois que o dólar se aproximou dos 5,20.
A divisa spot fechou a última sessão em queda de 0,08%, a 5,3855 reais, depois de ter chegado a cair mais de 3% na mínima do pregão, a 5,2240 reais.
“O mercado deve continuar acompanhando o que vai acontecer (em relação à trama política norte-americana), e o dólar não deve ter a oscilação que teve ontem, apesar de poder apresentar em algum momento um movimento maior para baixo”, completou Cavalcante.
Enquanto isso, no Brasil, o foco permanecia na saúde das contas públicas, com os operadores em busca de clareza sobre como será o comportamento fiscal do país diante dos fortes gastos provocados pela pandemia.
Um dos principais temores é de que o governo não consiga conciliar o financiamento de um programa de assistência social a um Orçamento apertado para 2021.
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou na segunda-feira que tudo indica que o Congresso não vai votar o Orçamento de 2021 ainda este ano e isso poderá afetar o rating do Brasil nas agências de classificação de risco, notícia que foi citada por vários analistas como possível fator de pressão para o real.
Além disso, a suspensão dos testes da vacina contra a Covid-19 CoronaVac, da chinesa Sinovac, que está sendo testada no Brasil pelo Instituto Butantan, foi apontada pelos mercados locais como ponto de atenção, que pode ser gatilho para busca por segurança.
No acumulado de 2020, o dólar acumula salto de cerca de 34% contra a moeda brasileira.
Nesta terça-feira, o Banco Central fará leilão de swap tradicional para rolagem de até 12 mil contratos com vencimento em abril e agosto de 2021. (Reuters)