O dólar recuava frente ao real nesta terça-feira, na contramão dos ganhos da moeda norte-americana no exterior, à medida que investidores avaliavam os números acima do esperado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para o segundo trimestre e seu consequente impacto na política monetária nacional.
Às 9h57, o dólar à vista caía 0,47%, a 5,5909 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha queda de 0,59%, a 5,599 reais na venda.
Na segunda-feira, o dólar à vista fechou em baixa de 0,34%, cotado a 5,6172 reais.
Nesta manhã, o real caminhava na contramão de seus pares, à medida que a perspectiva de uma Selic mais alta neste ano, influenciada por dados acima do esperado para o PIB brasileiro no segundo trimestre, mais do que compensava a cautela vista no exterior por ativos de maior risco.
Dados do IBGE mostraram que o PIB do Brasil cresceu 1,4% no segundo trimestre do ano em relação ao trimestre anterior, acima das projeções de economistas consultados pela Reuters de avanço 0,9%. Na base anual, o crescimento foi de 3,3%.
O resultado evidencia uma economia forte no trimestre de abril a junho, o que permite, segundo analistas, que o Banco Central possa ter uma postura mais agressiva contra a inflação, à medida que a alta dos preços tem se afastado do centro da meta de 3% em leituras recentes.
“A falta de catalisadores em outras partes do mundo está permitindo que o mercado foque na tese local, que recebeu algum suporte do PIB brasileiro. Este foi o penúltimo dado de primeira linha antes da próxima reunião do Copom, o que apenas solidifica o argumento de um novo aumento de juros”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
Na curva de juros brasileira, a taxa do DI para janeiro de 2025 — que reflete a política monetária no curtíssimo prazo — estava em 11,015%, com alta de 4 pontos-base em relação ao ajuste anterior.
Operadores colocavam 56% chance de uma alta de 25 pontos-base na Selic no encontro do Copom deste mês, com 44% de probabilidade de um aumento de 50 pontos.
Uma Selic mais alta é, em tese, um fator positivo para o real, à medida que o aumento do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos torna a moeda brasileira mais atrativa para investimentos.
“Visto que o mercado de trabalho brasileiro se mostra mais aquecido do que se imaginava, que a atividade econômica também tem performado melhor do que se antecipava, essa situação deve se somar a um cenário que o Banco Central caracteriza como desconforto”, apontou Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
No exterior, por outro lado, o dólar se fortalecia ante a maioria de seus pares fortes e emergentes, impulsionado pela cautela antes da divulgação de uma série de dados econômicos ao longo da semana e pelo desempenho dos preços de commodities, como o petróleo e o minério de ferro.
Investidores estarão atentos nesta semana a dados de emprego dos EUA para avaliar o tamanho do afrouxamento monetário do Federal Reserve, uma vez que o chair Jerome Powell mostrou preocupação no mês passado com o esfriamento do mercado de trabalho na maior economia do mundo.
O grande destaque da semana será a divulgação do relatório de emprego de agosto na sexta-feira, com a expectativa de analistas consultados pela Reuters de que os empregadores norte-americanos criaram 160.000 postos de trabalho no mês passado, ante 114.000 em julho.
Operadores precificam totalmente um corte de juros pelo Fed em sua reunião de 17 e 18 de setembro, com 67% de chance de uma redução de 25 pontos-base e uma probabilidade de 33% de um corte de 50 pontos. Eles veem 100 pontos-base de afrouxamento até o fim deste ano.
Quanto mais o Fed cortar os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atraente para investimentos quando os rendimentos dos Treasuries caem.
Enquanto os dados não são divulgados, investidores estão cautelosos quanto a apostar em ativos de maior risco, o que ajudava o dólar nos mercados globais.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,05%, a 101,710.
O euro era negociado a 1,105 dólar, em queda de 0,20% no dia.
No caso dos países emergentes, uma queda nos preços de commodities importantes também influenciava na falta da atratividade das moedas frente ao dólar.
Os contratos futuros de minério de ferro na Bolsa de Dalian registraram nesta terça sua maior queda diária em quase dois anos, com dados econômicos desanimadores da China obscurecendo as perspectivas de demanda, motivo que também derrubava os preços globais do petróleo.
Assim, a moeda norte-americana ganhava contra o rand sul-africano, o peso chileno e o peso colombiano.
(Via Notícias Agrícolas)