O dólar operava em queda contra o real nesta segunda-feira, em sessão marcada pelo apetite por risco em meio a esperanças sobre um tratamento para a Covid-19, enquanto os investidores locais seguem atentos à situação fiscal do Brasil.
Às 10:10, o dólar recuava 0,23%, a 5,5938 reais na venda. Na mínima do dia, a divisa foi a 5,5593 reais, queda de 0,84%.
O principal contrato de dólar futuro caía 0,68%, a 5,590 reais.
Ativos arriscados de todo o mundo operavam em alta nesta segunda-feira depois que o principal órgão regulador de medicamentos dos Estados Unidos aprovou o uso de plasma sanguíneo de pacientes que se recuperaram da Covid-19 como uma opção de tratamento.
Diante da notícia, as bolsas europeias, os futuros de Wall Street e moedas arriscadas pares do real, como rand sul-africano, peso mexicano e dólar australiano, operavam em alta.
Os “investidores reagem positivamente às notícias de avanços na aprovação de vacinas”, escreveram analistas do Bradesco. “Por outro lado, entretanto, as preocupações com as tensões sino-americanas e com o avanço da pandemia em vários países (…)limitam os ganhos desta manhã.”
No fim de semana, grandes economias europeias, como Itália, Espanha e França, registraram casos recordes de coronavírus desde o fim das medidas de confinamento, levantando receios sobre uma possível volta das restrições no continente.
Enquanto isso, no Brasil, os investidores seguiam de olho na saúde fiscal do país, depois que preocupações sobre as contas públicas derrubaram o real na semana passada, à medida que o governo gasta com medidas de auxílio econômico em resposta à pandemia.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse na semana passada que novidades serão apresentadas pela sua equipe na terça-feira, em cerimônia para anúncio do Pró-Brasil, um plano para a retomada econômica, evento que deve atrair o foco dos agentes do mercado.
“A revelação dos programas pode inflamar os anseios em torno de uma falta de compromisso do governo com o teto de gastos e com a contenção do endividamento público em geral”, disse em nota o time econômico da Guide Investimentos.
“Caso o governo não apresente uma explicação detalhada e convincente de como os programas que aumentarão os gastos serão compensados pelos programas de redução de gastos, uma retomada da pressão cambial (…), vista na semana passada, pode voltar a ocorrer.”
Na última sessão, na sexta-feira, o dólar spot registrou alta de 0,95%, a 5,6068 reais, maior patamar desde 20 de maio, acumulando ganho de 3,31% na semana, a quarta consecutiva de ganhos.
No ano de 2020, o dólar salta cerca de 39% contra o real, impulsionado por um contexto de incertezas econômicas, instabilidade política e juros extremamente baixos.
O Banco Central realizará nesta segunda-feira leilão de swap tradicional para rolagem de até 12 mil contratos com vencimento em março e julho de 2021. (Reuters)