O dólar cedia terreno contra o real nesta quarta-feira, acompanhando algum alívio nos temores globais sobre a variante Ômicron do coronavírus, em meio ainda a expectativas sobre a votação da PEC dos Precatórios no plenário do Senado.
Às 10:10, o dólar recuava 0,37%, a 5,6156 reais na venda. Na B3, o dólar futuro tinha queda de 0,14%, a 5,6495 reais.
A baixa do dólar nesta sessão estava em linha com a recuperação de moedas de países emergentes ou ligadas a commodities, que sofreram nos últimos dias com receios de que a cepa recém-descoberta da Covid-19 poderia minar a retomada econômica global. Rand sul-africano, peso mexicano, peso chileno e dólar australiano, por exemplo, apresentavam ganhos nesta manhã.
“O movimento é de correção nos mercados enquanto investidores reavaliam os riscos com a variante Ômicron”, disseram em relatório economistas do Bradesco.
No Brasil, o foco recaía sobre a PEC dos Precatórios, que, após ser aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado vai agora ao plenário da Casa. Vários participantes do mercado mostravam otimismo em relação à aprovação da proposta.
“Num primeiro momento, o dólar e a bolsa reagiram negativamente (à elaboração da PEC), mas, por outro lado, ela dá fôlego extra para o governo” sem necessidade de adoção de medidas ainda mais prejudiciais do ponto de vista fiscal, disse à Reuters Bruno Mori, planejador financeiro CFP pela Planejar.
A perspectiva de aprovação da proposta é “o que está trazendo mais tranquilidade para os ativos domésticos hoje”, afirmou ele.
A PEC dos Precatórios altera o prazo de correção do teto de gastos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o que abriria espaço fiscal para o pagamento de auxílio à população de 400 reais por família em 2022, ano eleitoral.
Saindo do Senado, Mori afirmou que a política monetária também é fator importante para a dinâmica do dólar nesta quarta-feira: “Com a perspectiva de juros mais altos aqui, a tendência é, por fundamento, o real se valorizar (com) a entrada de mais dinheiro do exterior para aplicação em renda fixa” no Brasil.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tem seu próximo encontro na semana que vem, nos dias 7 e 8 de dezembro.
Mas também é necessário prestar atenção às sinalizações de outros bancos centrais, disse Mori, especialmente do Federal Reserve. O chair da autoridade monetária norte-americana indicou recentemente que a inflação não deve mais ser vista como transitória, o que elevou expectativas de aumentos de juros mais cedo do que o esperado na maior economia do mundo.
Da mesma forma que juros mais altos no Brasil elevam a atratividade da moeda local, taxas mais altas nos EUA tendem a impulsionar o dólar, explicou Mori.
A moeda norte-americana fechou a última sessão em alta de 0,45%, a 5,6367 reais.
(Reuters)