O dólar iniciou a semana em queda contra o real, em segunda-feira marcada pela fraqueza da moeda norte-americana no exterior depois que dados chineses elevaram as esperanças de uma retomada na atividade da segunda maior economia do mundo, enquanto o otimismo em relação a uma vacina para o coronavírus e a um pacote de estímulo nos Estados Unidos também impulsionavam o apetite por risco.
Às 10:01, o dólar recuava 0,15%, a 5,6334 reais na venda.
No foco dos investidores internacionais nesta segunda-feira estava a notícia de que o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 4,9% entre julho e setembro em relação ao ano anterior, taxa mais lenta do que o salto de 5,2% previsto por analistas em uma pesquisa da Reuters, mas mais rápida do que o crescimento de 3,2% registrado no segundo trimestre.
“Ainda que abaixo das expectativas, tal crescimento demonstra que o impacto das medidas de estímulo na China foi efetivo e traz à tona como tais medidas serão adotadas de agora em diante, nos moldes das discussões sobre estímulos adicionais nos EUA”, disse em nota Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.
No domingo, a presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, disse estar otimista com possibilidade de aprovação de novo pacote de auxílio ainda antes das eleições presidenciais norte-americanas de 3 de novembro, em uma indicação de que o impasse político em torno da questão pode ser superado.
Também aliviando o sentimento dos mercados, a Pfizer anunciou na sexta-feira que poderia solicitar uma autorização nos EUA para entregar uma vacina contra a Covid-19 já em novembro.
Nesta manhã, o dólar era perdedor contra uma cesta das principais moedas, enquanto divisas arriscadas cujo movimento o real tende a acompanhar, como peso mexicano, rand sul-africano, lira turca e dólar australiano, operavam em alta.
Enquanto isso, no Brasil, “as incertezas quanto à dinâmica das contas públicas (…) devem continuar pesando sobre os ativos de risco”, escreveram especialistas do time econômico da Guide Investimentos. “A força de Maia como ator político de peso deve produzir algum alívio, mas até que a apresentação do Renda Cidadã seja executada de tal forma a respeitar o teto, o espectro do risco fiscal continuará assombrando os mercados.”
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse no final da semana passada que a possibilidade de extensão do estado de calamidade pública “não existe”, e defendeu que uma melhora na regulamentação do teto de gastos é mais importante do que a instituição de um novo programa de renda mínima, este perseguido pelo presidente Jair Bolsonaro.
Os temores sobre o fiscal têm sido apontados como um dos fatores de impulso para o dólar nos últimos meses, além de um cenário econômico e político incerto e um ambiente de juros extremamente baixos. No ano de 2020, a divisa norte-americana acumula salto de cerca de 40% contra o real.
Na sessão anterior, na sexta-feira, o dólar à vista teve alta de 0,32%, a 5,6416 reais na venda.
O Banco Central anunciou para esta segunda-feira leilão de swap tradicional para rolagem de até 10,89 mil contratos com vencimento em abril e julho de 2021. (Reuters)