O dólar oscilava entre estabilidade e leve queda nesta quarta-feira, rondando a faixa dos 5,25 reais pouco depois da divulgação de dados melhores do que o esperado sobre a atividade econômica brasileira, enquanto os operadores monitoravam as perspectivas para os juros básicos e o clima institucional em Brasília.
Às 10:28, o dólar operava estável, a 5,2590 reais na venda, depois de oscilar entre 5,2304 reais na mínima do dia (-0,54%) e 5,2680 na máxima (+0,17%). O dólar futuro negociado na B3 ganhava 0,32%, a 5,2805 reais.
Os menores patamares do dia foram alcançados nos primeiros minutos de pregão, na esteira da publicação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). Considerado sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), o indicador teve alta de 0,60% em julho na comparação com o mês anterior, de acordo com dado dessazonalizado divulgado pelo BC nesta quarta-feira. A expectativa em pesquisa da Reuters era de ganho de 0,40%. [nL1N2QH19C]
Rafael Panonko, analista chefe da Toro Investimentos, disse à Reuters que, ao mesmo tempo que os investidores digeriam os dados sobre a atividade, também repercutia nos mercados fala da véspera do presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Em evento de terça-feira, ele disse que o BC levará a Selic para onde for necessário, mas não irá alterar seu plano de voo a cada número de alta frequência que sair.
Em nota, analistas da Genial Investimentos disseram que “a declaração foi interpretada como um recado de que o Copom não deverá acelerar o processo de aumento da taxa Selic na reunião da próxima semana, apesar da surpresa negativa do IPCA de agosto.”
O Banco Central aumentou o ritmo de aperto monetário em seu encontro de agosto ao subir a Selic em 1 ponto percentual, a 5,25% ao ano. Juros mais altos no Brasil tendem a beneficiar o real, de acordo com especialistas, ao elevar a rentabilidade do mercado de renda fixa doméstico.
Enquanto isso, a cautela continuava permeando as perspectivas dos investidores para o desempenho do real nos próximos meses, em meio à deterioração das contas públicas e incertezas institucionais.
“Não acredito em quedas fortes do dólar contra real até o final do ano”, disse Panonko, da Toro. “O momento que a gente vive é incerto, enquanto a crise institucional atrasa reformas e torna a articulação política difícil.”
Uma das principais dúvidas, explicou o analista, é sobre que solução será implementada para a salgada conta de precatórios para 2022, enquanto a aproximação das eleições de 2022 devem elevar a busca por proteção.
Na véspera, o dólar spot fechou em alta de 0,68%, a 5,2589 reais.
(Reuters)