(Reuters) – A cotação do dólar desacelerou, mas fechou em alta nesta quinta-feira, diante de preocupações com o andamento da reforma previdenciária, após a prisão do ex-presidente Michel Temer.
O dólar à vista fechou em alta de 0,90 por cento, a 3,8001 reais na venda.
É o maior patamar desde sexta-feira da semana passada (3,8206 reais). O ganho percentual é o mais forte desde quinta-feira passada (+0,91 por cento).
Na máxima do dia (3,8390 reais), o dólar mostrou alta de 1,94 por cento. Na B3, a referência do dólar futuro ganhava 0,78%, a 3,8060 reais.
No exterior, a moeda norte-americana também mostrava força. O índice que mede o valor da divisa contra uma cesta de rivais apreciava cerca de 0,7 por cento.
“O real tinha valorizado recentemente sem notícias concretas. Era tudo muito na base da expectativa. E o mercado está se dando conta disso”, disse Italo Lombardi, estrategista macro para a América Latina do Crédit Agricole.
Outros mercados domésticos pioraram, também refletindo a piora da percepção sobre o cenário político. O Ibovespa caiu 1,34 por cento, enquanto os juros futuros de longo prazo subiram.
Temer foi preso pela manhã em São Paulo pela Polícia Federal no âmbito da operação Lava Jato por suspeita de desvios de recursos nas obras da usina nuclear de Angra 3. Também foi preso o ex-ministro Moreira Franco.
O episódio piorou o humor dos agentes financeiros. Na véspera, o texto entregue pelo governo ao Congresso para mudar regras da previdência nas Forças Armadas, com economia líquida prevista de apenas 10,45 bilhões de reais em 10 anos, frustrou o mercado e caiu mal até entre parlamentares aliados do governo.
O receio agora é que o governo seja mais pressionado por outras categorias e faça mais concessões, o que pode reduzir a economia estimada com a reforma da Previdência.
O anúncio do nome do relator para a reforma dos civis na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, previsto para esta quinta, foi adiado à espera de um “esclarecimento” do governo sobre o projeto dos militares.
Nos cálculos da UBS Wealth Management, uma reforma “razoável” traria economia de “pelo menos” 600 bilhões de reais ao longo de dez anos. A casa espera dólar de 3,50 reais entre três e seis meses.
Lombardi, do Crédit Agricole, ainda se diz construtivo em Brasil, mas reconhece que os mais recentes reveses —a economia menor na reforma previdenciária dos militares e a prisão de Temer— aumentam desafios do governo para aprovar a reforma. O estrategista ainda vê o dólar em 3,75 reais ao fim do ano.