O dólar fechou em nova máxima histórica nesta terça-feira, perto de 4,36 reais, com a cena doméstica refletindo o dia de amplos ganhos para a moeda norte-americana no exterior ainda por receios em torno do coronavírus.

O índice do dólar contra uma cesta de moedas de países ricos escalava a máximas desde 1º de outubro do ano passado, com várias moedas emergentes em queda, diante de renovadas preocupações sobre os impactos do coronavírus na economia global após Apple e HSBC emitirem alertas sobre os efeitos da epidemia em suas operações.

A terça-feira não contou com oferta líquida de moeda pelo Banco Central, assim como na segunda-feira e diferentemente de quinta e sexta da semana passada, quando o BC colocou um total de 2 bilhões em swaps cambiais para frear a performance pior do real ante seus pares.

Nos últimos dois pregões sem intervenção do BC (a véspera e esta terça), o dólar acumulou alta de 1,32%, mais do que apagando a queda acumulada de 1,14% na quinta e sexta da semana passada, dias com atuação do BC.

Nesta terça, porém, mesmo com o dólar batendo novo recorde, o real não encabeçou as perdas nos mercados globais de câmbio, com a lista liderada por coroa sueca, coroa tcheca e dólar neozelandês. O movimento sugere que a taxa de câmbio está mais alinhada aos pares.

Há pouco, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, repetiu que o câmbio é flutuante e que o BC pode atuar novamente no mercado cambial se identificar problemas de liquidez ou movimento exagerado.

O dólar à vista subiu 0,66%, a 4,358 reais na venda, novo recorde nominal para um encerramento de sessão, deixando para trás a máxima anterior —de 4,3506 reais alcançada na quarta-feira da semana passada, dia 12.

Todas as nove mais altas cotações nominais de fechamento para o dólar foram registradas neste mês de fevereiro.

Na B3, o dólar futuro tinha alta de 0,77%, a 4,3635 reais.

Os ganhos do dólar no Brasil tiveram como pano de fundo novas revisões para baixo nas expectativas para a economia, vetor que tem pressionado o câmbio nas últimas semanas, já que prejudica o cenário para mais entrada de capital. Apenas nesta terça pelo menos Citi e MUFG baixaram as projeções, depois de dias atrás JPMorgan, Itaú Asset Management e UBS fazerem o mesmo.

Pesquisa do Bank of America divulgada nesta terça mostrou que a maior parte dos gestores consultados ainda prevê alguma apreciação do real neste ano, mas com uma maioria menor. A sondagem mostrou que 63% projetam dólar abaixo de 4,20 reais ao fim de 2020, contra 72% no mês passado. (Reuters)