O dólar voltou a fechar numa máxima histórica nesta terça-feira, chegando a superar 4,34 reais na venda durante os negócios, conforme operadores avaliaram riscos de uma recuperação mais lenta da economia num cenário de juros baixos, o que prejudica a atratividade do real como investimento.

“O hedge no real tem funcionado muito bem. A moeda é o ‘patinho feio’, e isso vem de uma combinação de juro baixo, menor retorno e dúvidas sobre o ritmo de crescimento da economia”, disse Bernardo Zerbini, um dos responsáveis pela estratégia da gestão macro da gestora AZ Quest.

Analistas têm repetido há meses que o mercado tem protegido aplicações em bolsa e renda fixa via taxa de câmbio, com o hedge barateado pela queda dos diferenciais de juros a mínimas. O Ibovespa saltava 2,2% nesta terça, no dia em que o dólar renovou recordes históricos.

A ata do Copom divulgada mais cedo nesta terça-feira não soou mais dura do que o comunicado, depois de na semana passada alguns agentes de mercado terem considerado riscos de volta de cortes de juros no meio do ano caso a economia dê sinais de menor ímpeto.

“Achamos a ata um pouco mais ‘dovish’ (inclinada a afrouxamento monetário) que o comunicado pós-reunião”, disse o Goldman Sachs em nota.

“Não podemos descartar a possibilidade de cortes adicionais em caso de atividade econômica mais fraca do que o esperado e de revisão descendente das expectativas de inflação do mercado”, afirmou o banco MUFG Brasil em relatório.

O dólar à vista fechou em alta de 0,13%, a 4,3264 reais na venda, superando a máxima anterior de 4,3210 reais na venda da última sexta-feira.

Durante os negócios, a cotação foi a 4,3420 reais na venda. Pela taxa de compra, o pico foi de 4,3403 reais, o que fez desta a terceira sessão consecutiva em que o dólar bate máximas históricas durante um pregão.

Na B3, o dólar futuro tinha ganho de 0,07%, a 4,3320 reais.

O real teve o pior desempenho entre 33 pares do dólar nesta sessão. No ano, a moeda brasileira recua 7,25% em termos nominais (o dólar sobe 7,81%), o que coloca a divisa do Brasil na vice-lanterna entre as principais moedas em 2020. O peso argentino perde 10,8% no período.