O dólar avançava frente ao real nesta quarta-feira depois que notícias sobre troca de comando da Petrobras levantaram temores de interferência política na estatal, mas a moeda arrefeceu depois que importantes dados de inflação dos Estados Unidos vieram um pouco abaixo do esperado.
Às 10h (de Brasília), o dólar à vista subia 0,26%, a 5,1433 reais na venda, mas estava bem abaixo do pico do dia de 5,1711, quando subiu 0,80%.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,37%, a 5,152 reais.
A Petrobras informou em fato relevante na terça-feira que recebeu de seu presidente-executivo, Jean Paul Prates, solicitação para que o conselho de administração da estatal se reúna para apreciar o encerramento antecipado de seu mandato como CEO.
Em fato relevante posterior, a empresa afirmou que o Ministério de Minas e Energia manifestou a intenção de indicar Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), como substituta de Prates.
As notícias derrubaram os papéis da petroleira no pós-mercado da bolsa de Nova York, em meio a riscos para a governança citados por analistas, e o impacto negativo se estendeu para a abertura dos mercados domésticos nesta quarta-feira, com o dólar avançando apesar do exterior ameno e o contrato futuro do Ibovespa com vencimento em junho perdendo mais de 1%.
Em relatório a clientes, o Goldman Sachs avaliou a mudança no comando da Petrobras como notícia negativa. “Com base em nossas conversas com investidores, acreditamos que o mercado viu o Prates como um bom conciliador entre interesses dos investidores e do governo. Além disso, acreditamos que o anúncio de hoje pode reacender preocupações sobre a potencial intervenção política na empresa”, explicou o banco.
Apesar do clima doméstico avesso ao risco, o exterior fornecia algum suporte ao real, e o dólar reduziu seus ganhos frente à divisa brasileira a partir das 9h30 (de Brasília), depois que dados mostraram que os preços ao consumidor dos Estados Unidos aumentaram menos do que o esperado em abril.
O índice de preços ao consumidor subiu 0,3% no mês passado, depois de avançar 0,4% em março e fevereiro, informou o Departamento do Trabalho nesta quarta-feira. Nos 12 meses até abril, o índice teve alta de 3,4%, de 3,5% em março.
Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,4% no mês e de 3,4% no comparativo anual.
O resultado sugere que a inflação norte-americana retomou sua tendência de queda no início do segundo trimestre, em um impulso para as expectativas do mercado financeiro de um corte na taxa de juros em setembro.
Os contratos futuros dos juros dos EUA passaram a embutir uma chance de 73% de que a primeira redução nos juros pelo Fed ocorra na reunião de setembro, acima dos 69% de antes do relatório.
Num geral, quanto mais o Federal Reserve cortar os juros e quanto menos o BC afrouxar a política monetária local, melhor para o real. Isso porque, quanto maior o diferencial de juros entre Brasil e EUA, mais interessante fica a moeda doméstica para uso em estratégias de “carry trade”, em que investidores tomam empréstimo em país de taxas baixas e aplicam esse dinheiro em mercado mais rentável.
Na véspera, o dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,1300 reais na venda, em baixa de 0,42%.
(Notícias Agrícolas)