O dólar cedia terreno frente ao real nesta segunda-feira, acompanhando o comportamento da divisa norte-americana no exterior à medida que os investidores imaginavam os próximos passos de política monetária do Federal Reserve.
Às 10:24, o dólar recuava 0,31%, a 5,3683 reais na venda, dando sequência à desvalorização registrada na última sexta-feira, quando fechou em queda de 0,70%, a 5,385 reais na venda.
Enquanto isso, o principal contrato de dólar futuro caía 0,21% nesta manhã, a 5,3715 reais.
Investidores de todo o mundo estavam atentos ao Federal Reserve com a aproximação da conferência anual de banqueiros centrais de Jackson Hole, que pode oferecer pistas sobre o futuro da política monetária dos Estados Unidos.
Na semana passada, a ata da última reunião do Fed deu força aos palpites de que o banco central vai reduzir seu enorme estímulo emergencial já em 2021, fornecendo amplo apoio ao dólar, mas sinais cada vez mais fortes do impacto econômico da variante Delta do coronavírus “esvaziaram” as apostas nos últimos dias, disse em nota Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora.
O próprio presidente do Fed de Dallas, Robert Kaplan, autoridade de posicionamento mais duro, abalou as expectativas de aperto monetário iminente na sexta-feira, dizendo que pode reconsiderar a necessidade de início precoce da redução de estímulos se o coronavírus prejudicar a economia.
O índice do dólar contra uma cesta de moedas caía 0,30%, nesta segunda-feira. Peso mexicano, lira turca e rand sul-africano, três dos principais pares do real, apresentavam ganhos.
No cenário doméstico, os investidores continuavam dividindo atenções entre o ciclo de elevação de juros agressivo do Banco Central e o ferrenho ruído fiscal e político.
Com a taxa Selic atualmente em 5,25% ao ano e a caminho de superar o patamar neutro, o diferencial de juros entre Brasil e economias avançadas está ficando cada vez mais atraente para estratégias de “carry trade”. Estas consistem na tomada de empréstimos em moeda de país de juro baixo e compra de contratos futuros de uma divisa de juro maior (como o real), de forma que o investidor ganha com a diferença de taxas.
A posição mais dura do BC “tende a elevar o fluxo estrangeiro para cá, mas o cenário fiscal atrapalha”, disse à Reuters Felipe Steiman, gerente comercial da B&T Câmbio.
O atraso na agenda de reformas do governo e a pressão pelo parcelamento do pagamento de precatórios têm sido a pedra no sapato dos mercados brasileiros, em meio ainda ao conflito constante entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF).
(Reuters/IstoÉ)