O dólar passava a subir em relação ao real, depois de registrar queda nos primeiros negócios desta sexta-feira, mas caminhava para encerrar a semana com perdas após progresso da PEC dos Precatórios no Congresso ser apontado como possível motivo de redução da incerteza fiscal doméstica.
Às 10:10, o dólar avançava 0,22%, a 5,4152 reais na venda, depois de chegar a cair 0,18% na mínima do dia, a 5,3933 reais.
Na B3, o dólar futuro de primeiro vencimento tinha ganho de 0,42%, a 5,437 reais.
A alta desta manhã vem depois de, na véspera, a divisa norte-americana à vista despencar 1,80%, a 5,4031 reais na venda, mínima para encerramento desde o início de outubro. É comum, depois de movimentos expressivos na taxa de câmbio, haver uma realização de lucros.
Investidores também estavam elevando a cautela antes de um final de semana prolongado, já que na segunda-feira os mercados domésticos permanecerão fechados devido a feriado, disse à Reuters Vanei Nagem, responsável pela mesa de câmbio da Terra Investimentos.
Mesmo com a recuperação desta manhã, a moeda norte-americana continuava a caminho de apresentar baixa de quase 2% em relação ao fechamento da última sexta-feira, o que Nagem atribuiu ao noticiário em torno da PEC dos Precatórios. Caso isso se confirme, o dólar registrará sua segunda semana consecutiva de perdas.
Investidores têm mostrado otimismo em relação ao andamento da PEC no Congresso desde terça-feira, quando foi aprovada em segundo pela Câmara dos Deputados. A proposta modifica a regra de pagamento dos precatórios –dívidas do governo cujo pagamento foi determinado pela Justiça– e altera o prazo de correção do teto de gastos pelo IPCA.
Em meio à percepção de que o governo vai, de qualquer maneira, fornecer auxílio à população de 400 reais por família em 2022, quando o presidente Jair Bolsonaro deve tentar a reeleição, a PEC dos Precatórios passou a ser vista por muitos participantes do mercado como a alternativa de financiamento menos nociva à saúde das contas públicas.
Enquanto isso, no exterior, o índice do dólar rondava a estabilidade nesta sexta-feira, mas continuava em patamares elevados, acima da marca de 95,00, após dados de inflação norte-americanos desta semana elevarem as expectativas de aperto monetário mais cedo do que o esperado pelo Federal Reserve.
O índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos teve em 12 meses o maior avanço em 30 anos, levantando dúvidas sobre a visão de autoridades do banco central do país de que a inflação é “transitória”. Caso o Federal Reserve eleve os custos dos empréstimos para esfriar as pressões sobre os preços, o dólar pode ser beneficiado globalmente.
(Reuters)