A demanda doméstica, via consumo das famílias e investimentos, sustentou o crescimento de 1,0% no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre ante igual período de 2018, segundo Claudia Dionísio, gerente de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou os dados nesta quinta-feira.
“A demanda doméstica é o que está sustentando esse resultado”, afirmou Claudia, ao comentar os dados em entrevista coletiva nesta quinta-feira.
A pesquisadora lembrou que o setor externo teve contribuição negativa para o PIB, com alta de 4,7% nas importações e avanço de apenas 1,8% nas exportações, sempre na comparação com o segundo trimestre de 2018. A crise econômica na Argentina, que impacta negativamente as exportações de manufaturados, é um dos problemas do setor externo.
O consumo das famílias, maior componente do PIB pela ótica da demanda, avançou 1,6% no segundo trimestre ante igual período de 2018. Foi o nono trimestre seguido de alta. Inflação dentro da meta, três trimestres seguidos de crescimento real do crédito e uma “leve melhora no mercado de trabalho” sustentaram o avanço no consumo das famílias.
“O consumo das famílias já foi muito maior no passado, mas ele pesa bastante e tem tido crescimentos seguidos, mesmo sendo num patamar menor”, afirmou Claudia.
Ainda na demanda interna, a alta de 5,2% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, conta dos investimentos no PIB) ante o segundo trimestre de 2018, a sétima seguida nessa base de comparação, está ligada ao avanço das importações, disse Claudia.
“No caso das importações, o crescimento tem a ver com o crescimento da indústria. Os itens que mais puxaram foram relacionados com investimentos, como bens de capital”, afirmou a pesquisadora do IBGE.
Segundo Claudia, os principais componentes da FBCF, a produção interna de bens de capital, a importação de bens de capital e a construção civil, registraram desempenho melhor no segundo trimestre do que nos três primeiros meses do ano. No caso da construção, o movimento foi puxado pelo setor imobiliário, já que as obras de infraestrutura continuam com desempenho negativo, especialmente por causa dos investimento públicos.
“No investimento, houve essa virada da construção. Construção tem o maior peso nos investimentos”, afirmou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. (AE)