As exportações brasileiras de carne bovina devem seguir aquecidas nos próximos meses, o que pode dar sustentação aos preços do boi gordo, de acordo com análise da consultoria Agrifatto. Dois fatores explicam essa previsão: a perspectiva de uma retomada mais intensa na atividade econômica na China no segundo semestre deste ano e a possibilidade de uma queda na produção global de carne bovina em 2020 em decorrência, sobretudo, do novo coronavírus.
No relatório “China e Panorama das Exportações Brasileiras”, a consultoria afirma que o país asiático fechou o primeiro trimestre do ano com importações totais de 518 mil toneladas de carne bovina, um crescimento de 66% em relação ao mesmo período de 2019. A consultoria destaca que o Brasil praticamente dobrou no mês de março o volume exportado para a China, para 52 mil toneladas. No mesmo mês, as vendas do Uruguai ao pais asiático cresceram 70%, para 17,5 mil toneladas, enquanto a Austrália exportou 18 mil toneladas. A forte demanda reflete especialmente a escassez de proteínas na China em função da peste suína africana.
Para a Agrifatto, depois de uma alta de 90% na importação total em março (para 234,6 mil toneladas), o volume de carne bovina comprado pela China no exterior deve ter recuado ligeiramente em abril, para cerca de 200 mil toneladas (considerando todos os fornecedores). Isso porque espera-se uma normalização em relação a março, que concentrou desembarques atrasados em decorrência de renegociações de contratos após o grande aumento nas importações no fim de 2019. A pandemia também gerou atrasos nos desembarques, uma vez que o lockdown na China paralisou atividades portuárias em janeiro e fevereiro.
Ao mesmo tempo em que a demanda chinesa tende a ficar mais firme a partir do segundo semestre, existe a “chance real de uma queda na produção global este ano”, diz o relatório. Empresas processadoras de carne bovina (e também de outras carnes) dos EUA tiveram de paralisar temporariamente os abates de animais em decorrência de surtos do novo coronavírus. Além disso, não se descarta que esse problema possa ocorrer em outros países, segundo o relatório da Agrifatto. A consultoria observa, porém, que até o momento as projeções não demonstram risco de desabastecimento de carne bovina no curto prazo no mundo, à exceção dos EUA, que deverão aumentar as importações de carne bovina.
Outro fator que reforça a perspectiva de menor oferta global de carne bovina – e, portanto, de preços firmes para a proteína no mercado internacional – é a queda no número de animais confinados nos EUA e Austrália, observa a Agrifatto. (AE)
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