O plantio de soja ganhou espaço na região de Morro Agudo (SP) após geadas e incêndios atingirem o equivalente a quase 60% da zona rural em 2021. De acordo com o Sindicato Rural, o cultivo, antes mais utilizado para rotação de lavouras, passou a ocupar 40% das áreas destinadas à cana-de-açúcar, frente a 10% na safra anterior.
Esse avanço reflete a quebra histórica na produção canavieira no Centro-Sul do Brasil, região considerada a principal produtora do país.
Em Morro Agudo, 80 mil hectares de cana-de-açúcar foram arrancados antecipadamente em decorrência das adversidades climáticas. Com isso, os produtores acabaram plantando soja antes do tempo previsto e em maior quantidade, sendo ainda beneficiados por um período intenso de chuvas e valorização dos grãos.
“Os produtores nunca tinham colhido tanta soja como esse ano, porque a safra foi realmente muito boa. Até agora, tivemos uma colheita em torno de 2,3 milhões de sacas. Já a cana, que vinha de um momento de seca, um dos piores da história, também sofreu com um mês de janeiro mais frio, quando, na verdade, ela precisa de temperaturas mais altas para brotar e crescer melhor. Os dias nublados também não ajudaram”, avalia o diretor do Sindicato Rural de Morro Agudo, Rodrigo Rosa.
Expandir o cultivo da soja foi o caminho escolhido pelo produtor rural Eduardo Benedetti que perdeu 90% da produção de cana — prejuízo estimado de R$ 6,3 milhões.
“Hoje, temos mais de 50% da produção em grãos, porque também arrendamos áreas da usina para fazer rotação de cultura para eles. E, felizmente, apesar de todo o prejuízo com a cana, tivemos um verão bom, chuvoso, no qual, com a produção de soja, conseguimos recuperar praticamente todas as perdas. Tive uma rentabilidade muito boa”, afirma.
(G1)