O produto interno bruto (PIB) teve crescimento de 0,8% no terceiro trimestre de 2018 em relação ao três meses anteriores. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira 30. Foi o sétimo resultado positivo após oito quedas consecutivas nesta base de comparação.
Esse resultado foi influenciado, principalmente, pelo serviços, que cresceu 0,5%. O setor da indústria teve uma alta de 0,4% no terceiro trimestre. Já a agropecuária teve alta de 0,7%, porém, o segmento tem peso menor na composição das contas nacionais. Os investimentos também influenciaram o desempenho do trimestre, com alta de 6,6%.
A notícia trouxe otimismo aos economistas. “A perspectiva é de uma aceleração no ritmo de crescimento da economia brasileira no último trimestre de 2018”, afirma o economista do Santander, Lucas Nóbrega. Segundo ele, essa aceleração será apoiada em 4 pilares: os indicadores antecedentes, como a produção de veículos segundo a Anfavea, que cresceu 18,1% em relação a setembro, mostra que a dinâmica de melhora se mantém em diversos setores da economia; as condições financeiras estão em patamar expansionista com a redução de incertezas com o fim do processo eleitoral; a recuperação da confiança do consumidor e dos empresários; e, por fim, a melhora no mercado de trabalho, apesar de ainda bastante sutil.
Apesar disso, Nóbrega faz uma ressalva. “Esse resultado, claramente, é favoráveis. Porém, vale a pena dar um desconto: o frágil desempenho do PIB no segundo trimestre [alta de 0,2%], explicado pela paralisação no setor de transportes em maio, deixou uma base de comparação muito deprimida para a leitura do trimestre seguinte. Ou seja, devemos apreciar os bons números do PIB entre julho e setembro, mas com certa moderação”, diz.
O economista-chefe da corretora Spinelli, André Perfeito, afirma que o resultado veio mais forte do que ele esperava. “Greve dos caminhoneiros pode ter impactado positivamente por ter criado uma base de comparação mais fraca no segundo trimestre. Além disso, a liberação de PIS/Pasep, colocando recursos nas mãos das famílias, permitiu manter a trajetória de alta do consumo deste segmento”, diz o economista.
Em relação ao terceiro trimestre de 2017, o crescimento foi de 1,3% no terceiro trimestre do ano, o sexto resultado positivo consecutivo. Nessa base de comparação, os setores de indústria e serviços cresceram 0,8% e 1,2%, respectivamente, enquanto a agropecuária teve alta de 2,5%.
No acumulado dos últimos quatro trimestres, o PIB soma uma alta de 1,4% Há pouco mais de uma semana, a equipe econômica revisou a projeção para o crescimento do PIB em 2018, de 1,6 % para 1,4%. No último Boletim Focus, elaborado pelo Banco Central, a projeção de mercado apontava para um crescimento de 1,39% neste ano.
Setores
O consumo das famílias, beneficiado pela liberação das cotas do PIS/Pasep e ampliação do crédito, continuou a dar um pequeno impulso à economia. No terceiro trimestre, o consumo das famílias cresceu 0,6% em relação ao segundo. Em relação ao terceiro trimestre de 2017, o avanço foi de 1,4%.
O governo, com seus gastos limitados, contribuiu com um crescimento de 0,3% no trimestre quando comparado com o anterior. Em relação ao ano passado, a alta também foi de 0,3%.
De fato, chama a atenção a alta de 6,6% na Formação Bruta de Capital Fixo, que em economês significa investimentos. Em relação ao ano anterior, a alta foi de 7,8%. O instituto afirma que “a magnitude deste avanço é justificada pela incorporação de bens destinados à indústria de óleo e gás decorrente de modificações no regime Repetro [programa de restituição tributária para o setor de óleo e gás]”.
Thiago Xavier, da consultoria Tendências, explica que as modificações no regime do Repetro criaram um efeito estatístico que insuflou o dado de investimentos. “Antes, quando se comercializava uma plataforma de petróleo, o IBGE não contabilizava nas contas do PIB. Agora, com a mudança de regime, isso passou a ser contabilizado. Como muitas plataformas já haviam sido importadas, criou um efeito estatístico positivo”, explica.
O IBGE informou que entre as atividades industriais, houve alta de 0,8% nas Indústrias de transformação. Tanto as Indústrias extrativas quanto a Construção tiveram variação positiva de 0,7%. A única queda foi de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-1,1%).
Nos Serviços, todos os setores apresentaram resultados positivos: Transporte, armazenagem e correio (2,6%); Comércio (1,1%); Atividades imobiliárias (1,0%); Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,4%); Informação e comunicação (0,2%); Outras atividades de serviços (0,2%); e Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,1%).
O comércio exterior também contribuiu. As exportações cresceram 6,7% no período, enquanto que as importações subiram 10,2%.
Revisão
O Brasil cresceu mais do que o inicialmente projetado no ano de 2017. O IBGE havia indicado que o crescimento no ano passado foi de 1%, mas agora diz que a alta foi de 1,1%. A variação foi influenciada pela revisão das altas do setor de serviços, que passou de 0,3% para 0,5% e do consumo das famílias, que passou de 1% para 1,4%.
No segundo trimestre deste ano, por outro lado, o crescimento foi menor. O IBGE informa que, quando comparado com o mesmo trimestre de 2017, a alta não foi de 1%, mas de 0,9%. O indicador que mais influenciou a revisão foi o de investimentos, que passou de 3,7% para 3%, na mesma base de comparação. (Estadão, Veja)