O coordenador do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV EESP), Roberto Rodrigues, manifestou em vídeo, nesta quarta-feira, preocupação com decisões de autoridades tomadas no início da disseminação do coronavírus no Brasil, de fechar divisas de municípios. “Fecha um município e não pode mais entrar nada, nem caminhão, nem ônibus. Como é que vamos realizar a distribuição dos produtos agrícolas, o produtor rural está colhendo, trabalhando de sol a sol com vírus ou sem vírus para abastecer, para alimentar, para gerar energia, fibras para a população do mundo todo”, disse ele, que está em quarentena na Fazenda Santa Izabel, em Guariba (SP). “Se isso não for compreendido, não vamos a lugar nenhum”, continuou.
Rodrigues destacou que o que determina a atividade agropecuária é a natureza e que é necessário que autoridades e sociedade compreendam isso. “A gente planta quando ela (a natureza) manda, trata, colhe, vacina. Nós, produtores rurais, seguimos esse processo permanente”, disse ele, lembrando que a cadeia do agronegócio acompanha este ciclo. “A indústria também segue este mesmo caminho, desde o transporte, a embalagem, a transformação, distribuição, o consumo. Estão ligados ao determinismo da natureza”, destacou.
Para o ex-ministro da Agricultura, a guerra contra o coronavírus precisa ser vencida “de forma estratégica”. “É preciso considerar todos esses fatos, que a base deve ser a alimentação de todos e que todas as demais cadeias também precisam funcionar. Os empregos estão ligados a este processo, direta ou indiretamente”, afirmou. “Essa compreensão é essencial, entender que a agropecuária é a base da nossa sobrevivência”, ressaltou. (AE)