A Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) solicitou nesta segunda, 6, ao Ministério da Agricultura maior amparo por parte da secretaria de Política Agrícola, visando a manutenção da atividade suinícola. Entre as demandas requisitadas pela entidade estão a prorrogação dos prazos para o pagamento das dívidas (custeio e investimento) e adequação das linhas de créditos vigentes, com taxas menores. As solicitações visam subsidiar os impactos gerados pelo coronavírus, buscando garantir capital de giro aos produtores de suínos impactados pela dificuldade de comercialização de animais.

“Crédito e a necessidade de prorrogação de parcelas são entraves da suinocultura nacional. E o nosso objetivo com o ofício encaminhado ao secretário de política agrícola da pasta, Eduardo Sampaio, é mostrar as dificuldades de comercialização dos animais nesse momento e, por isso, a necessidade de prorrogar as parcelas e disponibilizar linhas de crédito com juros menores”, disse o presidente da ABCS, Marcelo Lopes.

Alta dos insumos

Outro ponto destacado no documento da entidade são os altos valores da comercialização dos grãos. De acordo com as pesquisas feitas pela equipe técnica da ABCS, a soja no mercado nacional está com preço recorde, sendo comercializada por volta dos R$ 100 a saca e o farelo entorno de R$ 1.700 a tonelada. “Os valores cobrados no mercado hoje estão quase 20% mais dispendiosos do que antes do primeiro caso confirmado de Covid-19 no Brasil (fevereiro). Essa situação atinge diretamente os produtores de suínos”, explicou Lopes.

Ele também destacou a alta do milho. “O milho está sendo comercializado por volta de R$ 60 a saca na cidade de Campinas (SP), um aumento de R$ 10 em comparação ao mês de fevereiro. Com esses valores e todos os problemas causados pela pandemia, a conta da suinocultura não fecha”, destacou.

Produtores independentes

A diretora técnica da ABCS Charli Ludtke pondera que os produtores independentes não possuem contratos fixos com as grandes empresas integradoras ou cooperativas e, nesse momento, não estão conseguindo comercializar todos animais em virtude da redução do volume de abate provocado pela queda no consumo devido às medidas restritivas de enfrentamento à pandemia.

“Fizemos diversos levantamentos e estima-se uma queda de 20% a 30% no volume de abate, sendo que também o preço pago a este suinocultor caiu quase 20% apenas na última semana”.

Problemas no escoamento

Uma outra preocupação da entidade é por conta das granjas que não conseguem escoar a produção, situação que gera um colapso em questão de dias, devido à falta de espaço para alojar e manter os suínos por mais tempo nas granjas.

Ludkte explica que caso falte espaço para acomodar os animais, poderá comprometer o bem-estar animal e até mesmo a sobrevivência dos suínos, podendo chegar a situações de altíssima mortalidade, colocando em risco também o meio ambiente.

“Manter esses animais represados na granja gera prejuízos significativos já que cerca de 80% do custo de produção refere-se à alimentação do rebanho”.

Confira outras medidas solicitadas pela entidade:

  • Elaboração de políticas públicas sociais que incluam a carne suína como uma forma de auxiliar no escoamento da produção e no aumento da demanda temporária dos pequenos e médios frigoríficos;
  • Manutenção do estoque mínimo de milho da Conab, em suas unidades, voltados exclusivamente para suprir as demandas da suinocultura até a entrada da safrinha, objetivando que os produtores independentes possam cumprir com suas devidas responsabilidades sociais;
  • Que sejam suprimidas as taxas de juros ou correção monetária incidentes dos benefícios que recaiam sobre financiamento da prorrogação e repactuação de crédito, concedidos no ano de 2020. (Canal Rural)