Apesar de margens apertadas devido à forte alta dos custos de produção, o consumo de carne de frango tem ajudado no resultado da atividade.
Impulsionada pela queda do poder de compra do brasileiro, pelo aumento do desemprego e pela inflação alta, a migração de consumo da carne bovina para a de frango nunca foi tão rápido e persistente.
Gráfico 1.
Evolução do spread (diferença de preços) entre a carne de frango e a carne bovina no atacado (%).
Fonte: Agrifatto
A observação da série histórica revela que mesmo contando com a maior diferença histórica entre as duas carnes, a relação não se corrige. E o motivo é que o perfil de consumo do brasileiro mudou com a queda do seu poder de compra.
Já não há competição entre os preços das carnes, mas a real necessidade de cortar custos dentro do orçamento do lar, o que implica em escolha pela proteína do animal que é mais eficiente no aspecto de conversão alimentar e que, portanto, produz uma proteína que custa menos. Em outras palavras, o frango.
Isso levou a uma inversão nas tendências de abate para ambas as espécies. Observe os números atualizados.
Gráfico 2.
Evolução dos abates totais de bovinos e frangos no Brasil.
Fonte: Agrifatto
Isso significa uma importante inversão também na tendência de consumo per capita dessas carnes.
Gráfico 3.
Evolução do consumo per capita de carne bovina e de frango no Brasil.
Fonte: Agrifatto
Importante ressaltar que o setor avícola contou com uma rede de proteção contra quedas baseada na transferência desse consumo marginal, o que amenizou as margens, mas não torna absolutamente a situação do setor confortável.
Com o preço dos grãos em patamares historicamente bastante altos, dificuldade de acessar linhas de financiamento/custeio e logística subdesenvolvida, há complicações relativas à saúde de grandes produtores.
O setor agropecuário tem um colete à prova de balas, mas não está blindado dos efeitos da crise econômica pela qual passa o Brasil.