O Brasil deve produzir 642,1 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2020/21, em período de colheita, uma leve retração de 0,1% em comparação com a safra anterior 2019/20 (642,7 milhões de t). Os números fazem parte do segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado hoje.

Conforme comunicado da Conab, apesar da leve queda, esse desempenho vai permitir a produção recorde de 39,3 milhões de toneladas de açúcar, mantendo o Brasil como o maior produtor global por dois anos seguidos, com um crescimento de 32% em relação ao que foi alcançado na safra anterior (29,8 milhões de t).

A Conab esclarece que a produção recorde do alimento já tem mercado garantido internacionalmente, de acordo com análise da área de Gestão da Oferta da companhia. A exportação brasileira de açúcar apresentou aumento de 69,9% nos quatro primeiros meses desta safra, a partir de abril, comparado ao mesmo período de 2019, favorecido pela valorização do produto no mercado nacional, ampliação da produção, e pela venda antecipada no mercado futuro. “A expectativa é de que a exportação brasileira continue em alta, estimulando a produção, influenciada pela recuperação dos preços internacionais, a taxa de câmbio elevada e a oferta mundial limitada por adversidades climáticas em importantes países produtores da Ásia”, diz a Conab.

Apesar da queda no volume de etanol em relação à safra passada, o País deve produzir 30,6 bilhões de litros e deve absorver mais de 50% do total produzido de cana, com variações positivas e negativas entre as regiões. “Em Mato Grosso, pela primeira vez, o subproduto do milho supera o de cana-de-açúcar”, destaca a Conab.

A região Sudeste deverá reduzir sua produção em 0,6%, alcançando 412,4 milhões de toneladas colhidas. São Paulo e Minas Gerais são os grandes destaques da região. Já o Centro-Oeste deverá ter uma produção 0,1% maior que a obtida na safra anterior, totalizando 140,6 milhões de toneladas, com Goiás respondendo por esse aumento, graças ao crescimento de área e produtividade.

Também o Nordeste, cujo clima tem favorecido as condições das lavouras, está sinalizando um aumento de 1,6% na área e de 2,5% na produtividade média. Com isso, a produção deve alcançar 51,1 milhões de toneladas e incremento de 4,1% sobre a última safra. Já o Sudeste, o Sul e o Norte não devem pontuar positivamente. Os primeiros podem perder 2% na área colhida, principalmente pela concorrência com o cultivo de grãos. Aguarda-se a colheita de 34,2 milhões de toneladas, 0,5% menor que a safra anterior. E a pequena contribuição da região Norte de 1% no todo nacional, sofrerá redução de 0,6% na área cultivada, devendo colher 3,6 milhões de toneladas.

Cana e milho – Com a inclusão das estatísticas totais de etanol à base de cana-de-açúcar e de milho, o levantamento aponta para uma produção de 30,6 bilhões de litros e redução de 14,3% em comparação com a safra 2019/20. “O subproduto proveniente de milho vem crescendo cada vez mais e atinge marca recorde neste estudo”, ressalta a Conab.

A estimativa da produção a partir da cana-de-açúcar é de 27,9 bilhões de litros, com recuo de 18,1%. Já para o subproduto à base de milho, a tendência é de crescimento, com um aumento de 61,1%. A previsão é de 2,7 bilhões de litros nesta temporada.

O etanol anidro oriundo da cana-de-açúcar, aquele utilizado na mistura com a gasolina, deve cair 17,3%, atingindo 8,4 bilhões de litros, enquanto que o de milho pode alcançar 792,6 milhões de litros, com acréscimo de 95,5% sobre a safra passada. Por sua vez, o etanol hidratado de cana-de-açúcar reduz 18,4% e deve produzir 19,5 bilhões de litros, ao passo que o de milho sinaliza aumento de 50,1% e produção de 1,9 bilhão de litros.

A Conab informa, ainda, que, em termos de preços, apesar da alta no etanol nos últimos três meses, entre maio e julho, segundo a área de análise, as unidades produtoras mistas reduzem cada vez mais a preferência pela produção do biocombustível em virtude da valorização do açúcar nesta safra 2020/21. (AE)