A produção nacional de grãos na safra 2021/22 está estimada em 265,70 milhões de toneladas, 4% ou 10,3 milhões de toneladas superior à obtida em 2020/21. Os dados fazem parte do 6º Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado hoje. Comparativamente à primeira estimativa para a atual safra, quando se previa 288,6 milhões de toneladas, representa uma quebra de 7,9% ou 22,9 milhões de toneladas. Em relação à estimativa anterior, divulgada em fevereiro, observa-se uma perda na produção de 0,9% sobre o volume estimado em 268,2 milhões de toneladas.
Conforme relatório da estatal, “as perdas registradas se devem à forte estiagem verificada sobretudo nos Estados da Região Sul do País e no centro-sul de Mato Grosso do Sul, na soja e no milho, principalmente”.
O documento mostra, ainda, um incremento de 4,3% na área a ser plantada, estimada em 72,7 milhões de hectares – o que corresponde à incorporação de 3 milhões de hectares, influenciado, sobretudo, pelo crescimento da área de soja e de milho.
Com o plantio encerrado da soja em 40,7 milhões de hectares, acréscimo de 3,8% na área plantada em relação à safra 2021/22, as atenções se voltam para o andamento da colheita da oleaginosa, que já ultrapassa 50% em todo País. Segundo observado pelos técnicos da Companhia, as produtividades obtidas refletem o cenário climático durante o ciclo da cultura. A expectativa é que a produção alcance 122,76 milhões de toneladas, queda de 11% em comparação com a safra anterior 2020/21 (138,15 milhões de t).
A Conab destaca que o avanço da colheita da soja dita o ritmo do plantio do milho segunda safra. Atualmente, estima-se que 74,8% da área já foi semeada. Destaque para Mato Grosso com 94% plantado. A previsão é de um plantio em uma área aproximada de 16 milhões de hectares, o que representa um acréscimo de 6,7% à safra anterior. A atual expectativa da Conab é que a produção total do cereal cresça 29%, podendo chegar a 112,3 milhões de toneladas. O incremento é impulsionado pelo melhor desempenho principalmente da segunda safra do grão, que tende passar de 60,7 milhões de toneladas no período 2020/21 para 86,2 milhões de toneladas na atual temporada.
Segundo a Conab, a expectativa é de crescimento também para o algodão. No atual levantamento da Companhia, é esperado um incremento de 19,7% na produção da fibra, podendo chegar a aproximadamente 6,9 milhões de toneladas. A produção da fibra em pluma deve ser de 2,82 milhões de toneladas, aumento de 19,7% ante a safra anterior.
Para o feijão, “o primeiro ciclo desta cultura foi parcialmente comprometido pelas perdas de rendimento em decorrência, principalmente, das adversidades climáticas registradas”, diz a estatal. Já as lavouras de segunda safra da leguminosa estão em fase de plantio ou em pleno desenvolvimento, “com perspectiva de alcançar um bom resultado, garantindo o abastecimento do mercado consumidor e equilibrando a oferta do grão”. A segunda safra de feijão deve atingir 1,28 milhão de t, alta de 14,7% ante 2020/21. A produção total da leguminosa (3 safras) pode alcançar 3,30 milhões de t, crescimento de 5,2% sobre 2020/21.
No caso do arroz, a Conab prevê redução tanto na área cultivada quanto de produtividade. Com isso a produção estimada é de 10,3 milhões, queda de 12,1% em relação à safra 2020/21.
Fertilizantes – A Conab apresentou o porcentual de participação dos fertilizantes nos custos para as culturas de soja, milho e trigo. De acordo com o estudo, atualmente a participação destes produtos fica dentro de uma margem entre 30% a 40% nos custos variáveis, a depender da região produtora e do produto analisado. “Vale ressaltar, no entanto, que este porcentual contempla os valores até fevereiro deste ano. O conflito entre Rússia e Ucrânia, por sua vez, teve início no fim do mês passado. Com isso, o impacto, tanto nos preços recebidos pelos produtores como nos valores pagos pelos insumos, será melhor mensurado a partir das apurações a serem realizadas ao longo deste mês”, ponderou na nota o gerente de Custos de Produção da Conab, Rodrigo Souza.
“Qualquer aumento nos preços de fertilizantes impacta de maneira significativa nos custos para os produtores, que tende a influenciar as cotações dos produtos finais disponibilizados ao consumidor”, reforçou Rodrigo Souza. “Mesmo com essa elevação nos valores de comercialização do grão, as margens bruta e líquida para os agricultores seguem uma tendência de queda, dada a dificuldade de repasse entre a produção e o varejo”.
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior, cerca de 22% dos fertilizantes importados no último ano tiveram como origem a Rússia, seguido da China com 15% e do Canadá com 10%.