Após vender a SLC Alimentos para a Camil por R$ 308 milhões, o Grupo SLC discute agora qual destino dar aos R$ 140 milhões não vinculados a dívidas, a serem liberados para a holding em meados de dezembro. Dentre as possibilidades em análise pelos conselheiros do grupo está investir em startups do agronegócio. “Este é um campo que temos olhado com muita atenção e cuidado”, diz ao Broadcast Agro o presidente do Grupo SLC, Eduardo Logemann. “Nosso foco daqui para frente será no agronegócio”, complementa.
Do montante envolvido na operação com a Camil, R$ 128 milhões correspondem a dívidas da SLC Alimentos; R$ 40 milhões poderão ser utilizados pela Camil no caso de contingências eventuais (não contabilizadas no momento da operação) e devolvidos ao Grupo SLC nos próximos cinco anos se não houver necessidade de recorrer ao dinheiro, de acordo com Logemann; e R$ 140 milhões são o que de fato o Grupo SLC receberá ao fim do ano. A SLC Alimentos atua na industrialização e comercialização de arroz, feijão e lentilha, além de exportar para mais de 20 países. A empresa teve faturamento líquido de R$ 512 milhões em 2017 e Ebitda de R$ 32 milhões, segundo fato relevante divulgado pela Camil na última sexta-feira.
Logemann conta que o conselho do grupo vem discutindo a possibilidade de investir em tecnologias de agricultura digital e que um de seus membros observa com atenção a área. “A SLC Agrícola também tem acompanhado este segmento (de tecnologia)”, conta. A empresa, única com capital aberto dentre as três que o grupo até então detinha, tem feito parcerias com startups e está investindo em torres de internet 4G em suas fazendas para melhorar a conectividade nas lavouras.
Outra possibilidade em discussão no conselho do Grupo SLC é aumentar o capital e fazer investimentos na SLC Comercial, braço que detém dez concessionárias John Deere no noroeste do Rio Grande do Sul. “Também é um segmento muito atrativo. A demanda por máquinas agrícolas vai continuar crescendo, até pela própria idade das máquinas (em uso no campo), que é bastante antiga”, explica.
A SLC Agrícola, por ora, não está entre as prioridades do conselho para receber parte do montante levantado com o negócio com a Camil. “Há duas maneiras de destinar recursos à SLC Agrícola, pelo aumento de capital ou comprando ações do mercado. Como nossa família já detém 53% de participação, estamos satisfeitos (com o porcentual) e não há deficiência de capital, não estamos olhando especificamente para a SLC Agrícola”, diz o presidente do grupo.
Logemann destacou o nível de alavancagem da SLC Agrícola (a dívida líquida saiu de 2,6 vezes o Ebitda ajustado no primeiro semestre de 2017 para 1,3 vez no primeiro semestre deste ano), que coloca a empresa em situação confortável no momento. “Se tivesse uma deficiência de capital ou endividamento fora de proporção, seria razoável (destinar recursos ao braço agrícola), mas não é o caso”, complementa.
O presidente do Grupo SLC não descarta a possibilidade de não fazer qualquer tipo de investimento ou fazer aportes em outro segmento do agronegócio. “Não há prazo para definir o que será feito com os recursos provenientes da venda da SLC Alimentos. Assim como a venda não foi planejada, também não há um plano para utilizar (o dinheiro) imediatamente”, pondera.
Camil Logemann comenta que as negociações com a Camil vinham ocorrendo desde o início do ano. “Eles nos fizeram um proposta, não aceitamos (na época), até que há uns 15 ou 20 dias chegamos a um número satisfatório, que é dez vezes o Ebitda da empresa (da SLC Alimentos)”, disse. Até então, a empresa não estava buscando compradores nem havia contratado consultoria para assessorar o grupo neste processo, segundo ele. “Há sete ou oito anos tínhamos cogitado vender a SLC Alimentos, mas na época não fomos bem sucedidos. A empresa não tinha o porte que tem hoje”, explicou. (Estadão)