As exportações de soja do Brasil, que tiveram atrasos expressivos em fevereiro devido a chuvas intensas, devem ganhar ritmo nos portos do Sul e Sudeste com o tempo mais seco até o final da próxima semana, de acordo com avaliações de especialistas.

Sem as interrupções causadas pelas chuvas, o processo de embarque de grãos flui melhor, colaborando para reduzir o tempo de espera dos navios que chegam para carregar uma safra recorde nos portos brasileiros.

Somente em fevereiro, as chuvas afetaram os embarques durante 12 dias no porto de Santos, o maior para a exportação de soja do Brasil, e em cerca de 11 dias em Paranaguá (PR), outro importante ponto de escoamento da produção brasileira, de acordo com dados da agência marítima Cargonave.

Dessa forma, considerando ainda o tradicional aumento da quantidade de navios para carregar soja em períodos de colheita, o tempo de espera das embarcações mais do que dobrou em alguns terminais de Santos, potencialmente aumentando o custo das operações.

Alguns berços no porto paulista têm espera de mais de 20 dias —período delimitado entre o dia que o navio chega no porto e a data de saída programada. Em Paranaguá, a espera supera dez dias em alguns terminais.

Na avaliação da Cargonave, se o tempo ficar mais firme, o período de espera deverá diminuir mesmo considerando a chegada de mais navios para buscar soja no país, o maior exportador global da oleaginosa.

A Cargonave registrou aumento no chamado “lineup” de navios nos últimos dias, incluindo nos portos do Norte e Nordeste, como Itaqui (MA) e Barcarena (PA), à medida que a colheita no Brasil está próxima de ser finalizada em cerca de metade da área de cultivo. A expectativa de alguns analistas é de uma safra recorde superior a 125 milhões de toneladas.

Outra agência marítima, a Williams, indica 10 milhões de toneladas no “lineup” de navios para março e mais embarcações podem ser reportadas à medida que o mês avança, segundo relatório da Refinitiv, que mostra que as exportações brasileiras poderiam mais que dobrar neste mês em relação a fevereiro, quando somaram aproximadamente 5 milhões de toneladas, segundo dados do governo. (Reuters)