Com a suspensão do embargo da China à carne bovina do Brasil, quatro frigoríficos brasileiros, entre eles um de Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, foram autorizados a exportar carne vermelha para o país asiático. Com isso, pecuaristas já planejam aumentar a produção em até 30% para voltar a atender o mercado chinês.
O gerente de um frigorífico capixaba, Marcos Pereira, contou que o mercado chinês tem um perfil exigente e os animais abatidos, por exemplo, devem ser jovens, com idade de até 36 meses.
“Uma das premissas é que o animal tem que ser jovem, ter quatro dentes, entre 30 e 36 meses. Para se conseguir um animal jovem, a gente deve seguir alguns pontos muito importantes: um deles é a genética, e o segundo quesito é nutricional. A nutrição adequada para esse animal ganhar peso constante durante todo o período dele é muito importante”, disse Marcos.
Sobre a romper a questão sanitária e evitar novos problemas com a saúde animal, o gerente do frigorífico disse que são utilizados vermífugos e ectoparasitas para que os animais não sejam acometidos por parasitas e doenças.
Pecuaristas falam sobre expectativas e desafios
O pecuarista Silvinho Brotas disse que criar gado de corte é o negócio da família, que tem propriedades em Colatina, no Espírito Santo, e também em Minas Gerais. Segundo ele, a exportação para o mercado chinês trouxe um incentivo maior para os criadores.
“Vai ter custo? Vai. Mas a gente vai ter que se adequar a isso para poder adicionar um valor maior aos nossos animais”, disse o pecuarista.
Silvinho disse ainda que, em época da seca, também estuda criar os animais em semiconfinamento para manter o peso e o padrão de crescimento dos animais dentro do tempo esperado. E com isso diminuir possíveis quedas na produção e, consequentemente, faturamento.
Para se adequar ao mercado chinês, o pecuarista Anesio Antonio Briel disse que é preciso trabalhar mais e investir.
“Fazer um “boi China” não é simples. É preciso ter estrutura para conseguir olhar a cronologia dentária e ter um animal de boa qualidade para ele atingir o peso necessário antes de chegar aos 30 meses. É bom, mas tem que trabalhar mais”, disse o pecuarista.
Mais empregos
Marcos Pereira, gerente de confinamentos de um frigorífico de Colatina, disse que, com as exportações para o mercado chinês, a previsão é ampliar a produção em 30% na unidade de Colatina, o que representa até 500 mil toneladas a mais por mês.
O investimento, segundo Marcos, pode chegar a R$ 20 milhões e a expansão também vai abrir novos postos de trabalho.
“Vão ser em torno de 200 contratações, sem falar nos postos indiretos devido ao abate diário”, disse o gerente do frigorífico.
O profissional também fez uma comparação entre os valores de venda do boi gordo no estado e para o mercado chinês.
“No mercado do Espírito Santo, o boi gordo estava sendo cotado em torno de R$ 240. Na primeira semana de habilitação para as vendas, em Colatina o “boi China” já veio com uma cotação de R$ 275. Então, estamos falando de um aumento de R$ 35 por arroba. É muito representativo, um aumento de 10% sobre o melhor preço pago em um boi dentro do Espírito Santo”, disse Marcos.
O gerente do frigorífico também disse que cortes como picanha, contrafilé e alcatra podem ficar mais acessíveis ao consumidor brasileiro porque o chinês leva os outros cortes com valor agregado superior. Além disso, não há previsão de aumento no preço da carne vermelha no Espírito Santo, para o consumidor interno, mesmo com as exportações para a China.
(G1)