O Paraná, segundo produtor de milho do Brasil, havia realizado a colheita em 11% da área do cereal até segunda-feira, avanço de três pontos percentuais em meio a chuvas que limitaram o desenvolvimento dos trabalhos em algumas áreas, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral), divulgados nesta terça-feira.
A colheita demonstra grande atraso na comparação com a mesma época do ano passado, quando 58% da área paranaense já estava colhida nesta época —em 2019, os trabalhos estavam mais acelerados com uma colheita precoce de soja, que antecede o cultivo da segunda safra.
Na comparação com 2018, a colheita de milho está cinco pontos percentuais mais adiantada.
Cerca de 80% da safra está com condições entre médias e boas, enquanto 71% da área restante está em maturação.
Chuvas decorrentes da passagem de um ciclone na região Sul do país, na última semana, causaram danos pontuais em lavouras localizadas mais ao centro do Estado, como nos municípios de Francisco Beltrão e Dois Vizinhos, disse à Reuters o analista do Deral Edmar Gervásio.
“Houve prejuízos pontuais com o acamamento de lavouras e isso pode desencadear alguma dificuldade adicional na colheita”, alertou o especialista.
O acamamento dos milharais, quando as plantas ficam “deitadas”, também ocorreu devido a um vendaval que acompanhou as chuvas excessivas para o período.
De acordo com os modelos climáticos atuais, a previsão é de continuidade nas chuvas ao menos pelas próximas três semanas, “mas não serão chuvas torrenciais”, o que limita o risco para os cultivos, disse o agrometeorologista da Rural Clima Marco Antônio dos Santos.
Com isso, o analista do Deral acredita que as previsões climáticas não são preocupantes neste momento.
“Provavelmente a colheita deve caminhar tranquila”, completou Gervásio.
Quanto ao atraso nos trabalhos em relação à temporada passada, ele disse que o volume colhido tende a se intensificar entre ao final deste mês e o início do próximo. Portanto, o atraso também não é visto com preocupação para o desempenho da safra.
A segunda safra de milho do Estado está estimada em 11,36 milhões de toneladas, recuo de 14% na comparação com o ciclo passado, após uma estiagem atingir os cultivos anteriormente.
TRIGO
No caso do trigo, os produtores paranaenses, líderes na produção do cereal, já plantaram 99% da área projetada, e a maior parte dos cultivos está em boas condições.
O analista da área no Deral Carlos Hugo Godinho afirmou que o excesso de umidade nas lavouras ainda não prejudicou a qualidade da cultura significativamente, mas pode gerar mais gastos com defensivos aos produtores.
“O único desdobramento dessas chuvas deve ser algum incremento com gastos para aplicação de fungicidas”, afirmou.
Ainda segundo ele, apenas parte das lavouras de trigo no Paraná está em fase mais críticas para o controle de doenças. “Agora as plantações devem ter mais problemas foliares”, acrescentou.
Segundo o Deral, o Paraná deve colher 3,67 milhões de toneladas de trigo, um aumento de 72% na produção ante a temporada passada, quando as lavouras sofreram com problemas climáticos. (Reuters)