Os embarques de carne bovina do Brasil para a China ocorrem sem problemas, mas os compradores do país estão preocupados com a contaminação pela covid-19 e cobrando responsabilidade do parceiro comercial. Quem conta ao Broadcast Agro é o diretor comercial da Pampa Foods, Dorival Gonzaga de Oliveira Júnior. Segundo ele, a única mudança nas tratativas comerciais é a exigência de que frigoríficos brasileiros assinem uma carta se responsabilizando integralmente pela carga caso ela esteja contaminada por coronavírus. “Essa exigência foi passada na sexta-feira passada”, informou Oliveira Jr., acrescentando que, se forem detectadas cargas contaminadas por covid-19, os lotes afetados devem ser incinerados.
De fato, conforme o Broadcast Agro informou mais cedo, a China tem intensificado o controle sanitário sobre a importação de carnes em meio à segunda onda de contaminação do novo coronavírus no continente asiático. Ontem, o Departamento de Alfândegas do país (GAAC, na sigla em inglês) suspendeu a importação de frango de uma unidade da norte-americana Tyson Foods. Segundo o Departamento, a medida deve-se à confirmação de casos do novo coronavírus entre os funcionários da unidade.
As cargas brasileiras com destino ao gigante asiático estão seguindo normalmente, informa o executivo da Pampa Foods, trading que, entre outros produtos, exporta carne bovina, tendo em sua carteira de clientes mais de 15 frigoríficos. “Só na Pampa Foods tivemos aumento de 42% nos embarques de carne bovina para a China este ano”, diz Oliveira Jr.
Ele aventou a hipótese também de que a China possa estar tentando, com o maior rigor na fiscalização, reduzir ainda mais o preço da tonelada de carne bovina que adquire, além, é claro, de prevenir novos focos de covid-19. “Há uma pressão da China por preços menores. Eles já vêm negociando o valor da tonelada. Em relação a abril, por exemplo, o preço da carne bovina embarcada caiu de 25% a 30% a tonelada em dólar”, diz. “Por isso acredito que parte disso seja devida a uma questão comercial.” (AE)