Todos os caminhos de exportação de carne bovina levam à China”, assim concluiu o analista independente Simon Quilty em artigo publicado nesta segunda-feira no portal australiano Beef Central.
O especialista discorre sobre a atual influência do mercado chinês no comportamento do comércio mundial de carne bovina magra, utilizada sobretudo para produzir hambúrgueres.
O Brasil é hoje o principal fornecedor global de carne bovina, que tem como diferencial justamente o fato de ser “magra” – oriunda de raças zebuínas (Bos Indicus).
Segundo Quilty, tradicionalmente, o mercado de hambúrgueres dos EUA – o maiores importadores mundiais de carne bovina – sempre dependeu muito da disponibilidade de produtos da Austrália e da Nova Zelândia.
No entanto, nos últimos anos, com o aumento da demanda na China, as exportações de carne bovina da Austrália e da Nova Zelândia estão sendo desviadas para a China, em quantidades cada vez mais crescentes.
Com isso, o que se vê atualmente é uma escassez de carne magra importada nos EUA, o que contribuiu para uma elevação dos preços pagos às carnes da Austrália e da Nova Zelândia no mercado norte-americano.
Porém, destaca o analista, os altos prêmios da carne bovina magra importada nos EUA pode pavimentar o caminho para a entrada de carne mais barata da América do Sul no mercado norte-americano e, assim, preencher o vazio de oferta criado pela maior ausência de carne oriunda da Austrália e da Nova Zelândia.
O analista cita o Brasil como potencial fornecedor aos EUA, país que “tenta desesperadamente recuperar seu status de exportação para o mercado americano”, escreve Quilty, referindo-se ao embargo de quase dois anos à carne bovina in natura, devido a problemas de abscessos (pus).
No entanto, o problema, continua o analista, é que a China está desesperadamente tentando comprar carne da América do Sul e o Brasil já é o maior exportador de carne bovina para o mercado chinês.
Em janeiro deste ano, o país representou 22% do mercado de importação de carne bovina da China; o Uruguai, com 22%; a Argentina, com 21%; a Austrália com 17%; e a Nova Zelândia, com 14%.
Portanto, observa o analista a australiano, não há garantia de que a carne da América do Sul preencherá o vazio no mercado de carne bovina dos EUA, já que a demanda da China é onipresente em todo o mundo, e “todos os caminhos de exportação de carne bovina levam à China”. (Portal DBO)