O governo chinês divulgou dados que indicam que o país asiático já perdeu mais de 100 milhões de porcos – um terço do rebanho total – devido à peste suína africana, segundo informou a rede norte-americana de notícias CNN Business.
O governo de Pequim anunciou novas medidas de incentivo aos criadores na tentativa de trazer estabilidade ao maior mercado de carne suína do mundo.
A carne de porco é um grande negócio na China, relata a reportagem – o país consume metade de todos os porcos do planeta. Essa proteína é um elemento básico da dieta chinesa, o que significa que a sua escassez pode prejudicar a estabilidade social da China. O surto de peste suína também ameaça prejudicar a cadeia global de fornecimento da proteína.
Os preços que os varejistas pagam pela carne de porco aumentaram quase 70% no ano passado. O valor médio que os atacadistas negociam com os seus fornecedores subiu 90% na última semana de agosto em comparação com um ano atrás, segundo dados do governo local. Analistas dizem que as cotações podem subir ainda mais.
A rede CNN Business informa ainda que as autoridades chinesas já anunciaram planos emergenciais de apoio ao setor, incluindo subsídios às fazendas onde os porcos foram abatidos por causa da proliferação da doença. O governo de Pequim planeja aumentar os subsídios, empréstimos e cobertura de seguro para produtores de suínos em todo o país.
Racionamento e descontos
A China já lançou sistemas de racionamento em algumas cidades que buscam limitar a compra de carne de suínos em certas quantidades. Alguns governos locais também estão oferecendo descontos no valor da carne de porco para compensar os altos preços.
Na cidade de Nanning, no sul do país, por exemplo, a carne de porco recebeu este mês desconto de pelo menos 10% no preço médio de mercado. Os consumidores limitam-se a comprar 1 kg de carne de porco por dia.
Várias cidades da província de Fujian, também ofereceram subsídios aos cidadãos e limitam a quantidade de carne suína que pode ser comprada.
Importações
O Rabobank estima que a produção de carne suína da China possa cair 25% este ano, o que significa que o país precisará importar até 1,5 milhão de toneladas de carne de este ano, segundo a reportagem
Isso poderia beneficiar os exportadores de carne suína em outros lugares do mundo. O analista do Rabobank, Matteo Lagatti, diz que espera que a Europa seja responsável pela maior parte dessas importações chinesas.
As compras da China de carne de porco da Europa já aumentaram 54% no primeiro semestre de 2019. A maior parte vem da Espanha, Alemanha, Dinamarca, Holanda e França. “Essa tendência deve continuar em 2020”, escreveu o analista.