A China vai estocar até 7 milhões de toneladas de soja compradas dos Estados Unidos durante uma trégua vista mais cedo na guerra comercial entre os dois países, disseram dois operadores com conhecimento do assunto, ao invés de esmagar os grãos para venda imediata como ingrediente para ração.
O movimento pouco usual de armazenar um volume tão grande da oleaginosa enviada pelos EUA vem em momento em que a China enfrenta o fantasma de uma longa disputa comercial com seu segundo maior fornecedor da commodity, após as tensões entre os dois países terem escalado abruptamente no mês passado.
A China tipicamente compra dois terços da soja negociada globalmente para ajudar a alimentar seus rebanhos, mas o país tem tomado medidas para reduzir essa dependência, buscando alternativas para alimentar seus animais e limitando os níveis de proteína na ração.
A China comprou cerca de 14 milhões de toneladas de soja dos EUA em dezembro, como parte de uma trégua na guerra comercial entre as duas maiores economias globais.
Mais de 6 milhões de toneladas já foram entregues à China, com a maior parte disso já processada para se tornar óleo ou farelo de soja, utilizado em ração, disseram uma fonte em uma estatal e um operador.
Mas os grãos restantes, comprados pelas estatais COFCO e Sinograin, ainda não embarcados, serão direcionados para reservas estatais, disse um operador próximo do assunto.
Uma fonte em uma empresa internacional de trading que acompanha o tema confirmou a mudança na estratégia, que aconteceu em maio, após as renovadas tensões entre os governos da China e dos EUA.
“Quaisquer volumes de grãos que cheguem agora dos EUA irão para armazenamento, uma vez que eles estão se preparando para uma longa guerra comercial”, afirmou o operador.
A Sinograin não respondeu a um pedido de comentário enviado por fax. A COFCO não respondeu de imediato um e-mail enviado a seu departamento de mídia.
Maior compradora global de soja, a China já reduziu fortemente as importações dos EUA após ter estabelecido uma tarifa de 25% sobre as cargas em julho passado, em resposta a tarifas sobre produtos chineses estabelecidas pelo governo norte-americano.
Para compensar a queda nas importações dos EUA, a China aumentou compras do Brasil e de outros países.
Não se sabe quanto o governo chinês mantêm em soja em suas reservas estatais, mas o país tipicamente compra grãos da Argentina para recompor esses estoques, disseram operadores, uma vez que o menor conteúdo de óleo nas cargas da Argentina torna elas melhores para armazenamento.
A China consome mais de 100 milhões de soja por ano. As importações chinesas caíram 7,9% no ano passado, para 88,03 milhões de toneladas.
Fonte: Reuters