O indicador de margem bruta da indústria de carne bovina dos EUA chamou a atenção dos analistas do Credit Suisse. O cenário, que já era favorável para as operações de Marfrig e JBS nos EUA, parece ter melhorado com a demanda chinesa por carne americana.
Em relatório divulgado na quarta-feira, os analistas Victor Saragiotto e Felipe Vieira reiteraram a recomendação de compra das ações de Marfrig e JBS, as únicas empresas brasileiras que produzem carne bovina nos Estados Unidos.
No setor, o papel da companhia de Marcos Molina é o favorito da área de análise do banco Credit Suisse. Às 17h22, as ações de JBS e Marfrig subiam 1,23% e 1,01% , respectivamente. O Ibovespa está praticamente estável, com ligeira alta de 0,05%.
Os analistas lembraram que os papéis da Marfrig registram desempenho inferior aos pares (JBS, Minerva e BRF) neste mês, o que para eles não faz sentido. No acumulado do ano, porém, a Marfrig é a empresa de carnes que mais se valorizou — 50%.
Segundo eles, a Marfrig é relativamente a empresa mais exposta ao bom momento da indústria de carne bovina dos Estados Unidos. Cerca de 80% do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da Marfrig é gerado pela controlada National Beef, quarta maior indústria de carne bovina dos EUA.
No relatório, os analistas destacaram que o spread (diferença entre o preço da carne bovina e do boi) nos Estados Unidos atingiu US$ 21 por arroba em 24 de novembro, alta de 64% na comparação com o início do mês e de 63% ante um ano antes.
De acordo com eles, esse incremento reflete a maior demanda no mercado americano e também nas exportações de carne dos EUA. “Há um surpreendente aumento das exportações de carne bovina americana pela China”, destacaram os analistas.
Os analistas lembraram que, no segundo trimestre, a margem bruta dos frigoríficos americanos bateu recorde por causa da disrupção na cadeia produtiva gerada pela covid — o fechamento de frigoríficos reduziu produção de carne e também o preço do boi.
O Credit Suisse não descarta uma segunda onda de covid-19 entre funcionários de frigoríficos nos EUA — o país vem batendo recorde de casos da doença —, mas ressalta que não é isso que vem beneficiando o resultado operacional da indústria de carne bovina. Nesse sentido, eles citam que os abates de bovinos nos EUA registram leve crescimento na comparação anual. (Valor Econômico)