Gustavo Rezende Machado é trainee pela Agrifatto
As cotações do milho para o contrato de Set/17 na Bolsa de Mercadoria de Chicago – CBOT começaram a semana em queda. O contrato que tinha encerrado na sexta-feira em US$ 3,52/bushel começou o pregão de hoje já em patamares inferiores, valendo US$ 3,49/bushel.
As quedas das cotações de hoje resultam do clima mais favorável para os próximos dias e da consolidação da produção norte-americana para a cultura do milho, visto que o período mais crítico para a cereal durante a safra 2017/18 ocorreu no mês anterior e o risco a partir de agora se concentra especialmente durante o processo de colheita.
Além disso, desde as quedas pela divulgação do relatório mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) do dia 10 de agosto, as cotações têm trabalhado entre valor máximo próximo a US$ 3,62/bushel e um mínimo alcançado hoje em US$3,46/bushel, sendo esse o menor valor do ano. A figura 1 ilustra as variações desde o último relatório de oferta e demanda do USDA, onde é possível observar intervalos com as cotações trabalhando de forma lateral, períodos de correções técnicas e também uma tendência primária de queda de preços.
Por fim, um fator de influência para as cotações neste momento são os relatórios semanais do USDA de acompanhamento das lavouras, que conta com nova divulgação no final da tarde de hoje e que apontou, na semana passada, aumento de 2% nas lavouras em boas condições, passando de 60 para 62% as lavouras boas e excelentes.
No mercado brasileiro, conforme o processo de colheita avança, intensifica-se também a pressão negativa sobre as cotações, fazendo com que os preços oferecidos estejam em algumas regiões abaixo do custo de produção. O CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) analisou que a oferta do cereal brasileiro, em período final de colheita nos principais estados produtores, causou no dia 30 de junho a menor média do indicador, quando alcançou R$ 25,49/saca de 60 kg.
Por outro lado, o IMEA projeta exportação de 16,8 milhões de toneladas de milho até o fim do ano para a safra 2016/17 com embarques em ritmos crescentes durante esse período. As menores quantidades do cereal no mercado interno pelas exportações devem causar pressão positiva sobre os preços durante as próximas semanas e ainda reduzir os problemas de armazenagem durante essa safra.
Além disso, em publicação no dia 14 de agosto, o CEPEA destaca que os baixos preços praticados tornam os produtores mais desestimulados em realizar negócios, fazendo com que compradores precisassem aumentar os valores ofertados. Portanto, a demanda em originar o cereal para alimentação animal ou para cumprir contratos ao mesmo tempo em que os preços baixos limitam a oferta dos produtores, causa pressão altista neste momento. Nesse sentido, observa-se o maior valor do indicador do milho ESALQ/BM&FBOVESPA desde o dia 15 de maio de 2017, quando o indicador valia R$ 28,30/saca de 60 kg. O gráfico 2 ilustra a variação do indicador para o período de 15 de maio a 18 de agosto de 2017.
Portanto, a formação de preços baixos para o cereal na bolsa de valores de Chicago e o cenário que se construiu durante a busca de preços de equilíbrio no mercado interno resultaram em baixa liquidez nas últimas semanas. Assim, com produtores relutantes em entregar o cereal nos atuais patamares de preços, forma-se uma tendência positiva para os preços no curto prazo, o qual deverá ser acompanhado pelo produtor em busca de melhores oportunidades de negócios.