De acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa dos Estados Unidos (IRI, na sigla em inglês), a chance do El Niño ocorrer no trimestre novembro-dezembro-janeiro aumentou de 73% para 88%.

Durante boa parte de 2018, existiram dúvidas sobre a formação do fenômeno, pois são necessários cinco trimestres móveis consecutivos com desvios de temperatura de pelo menos +0,5°C na região central para que o aquecimento ganhe o status de El Niño.

E algumas simulações indicaram e ainda indicam desvios mais modestos ou por período menos prolongado. De qualquer forma, independentemente do status do El Niño, o que importa é a mudança do vetor no Pacífico. No último verão, o oceano estava mais frio que o normal e, agora, encontra-se mais quente que a média.

Dessa maneira, a estiagem registrada no verão passado no centro, sul e oeste do Rio Grande do Sul, além de Uruguai e Argentina, não acontecerá em 2019. A chuva também será mais frequente em Santa Catarina e Paraná, avançando para São Paulo e Mato Grosso do Sul. Esses três últimos estados sofreram com uma estiagem prolongada, que começou em fevereiro em alguns municípios paulistas e posteriormente espalharam para Paraná e Mato Grosso do Sul.

“A previsão é de chuva acima da média para essas regiões em novembro, dezembro e janeiro”, afirma Celso Oliveira, meteorologista da Somar.

Apesar da menor chance de estiagens, as regiões Sudeste e Centro-Oeste devem registrar menos invernadas, que são aqueles dias fechados, chuvosos e com temperatura baixa. Trata-se de uma boa notícia para uns e má para outros. Setores como a agricultura, turismo e a indústria de condicionadores de ar se beneficiam de verões sob aquecimento do Pacífico. Por outro lado, a recomposição de reservatórios para geração de energia elétrica e abastecimento das cidades será mais afetada.

Olhando-se para o Norte e Nordeste, regiões que receberam chuva mais frequente e intensa no verão passado, para 2019, a tendência é de chuva mais irregular, especialmente entre janeiro e fevereiro. Por fim, com relação à temperatura, o Brasil terá um verão 2019 mais quente que a mesma estação passada, com calor mais persistente ainda em dezembro de 2018.

Pryscilla Paiva, editora de Tempo do Canal Rural