A produção brasileira de carne bovina deve atingir recorde de 10,51 milhões de toneladas em 2021, prevê o adido do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em Brasília. Se confirmado o volume, representará incremento de 4% ante o previsto para 2020, de 10,10 milhões de toneladas. “O otimismo por trás dessa perspectiva reflete uma recuperação da economia brasileira, atualmente projetada para crescer 3,5% em 2021, com a continuação da inflação em nível mais baixo, uma taxa de desemprego estável e maior poder de compra do consumidor”, diz o adido do USDA, em relatório divulgado hoje. Por outro lado, a agência reitera que a flutuação cambial, a frágil recuperação econômica mundial e o ressurgimento do coronavírus ainda são incertezas para o próximo ano na indústria de proteína animal.
O USDA estima que o consumo doméstico da proteína pelo País aumente na mesma proporção da produção, de 4%, e atinja 7,88 milhões de toneladas em 2021 contra 7,67 milhões de toneladas em 2020. “A indústria de food service deve se recuperar em 2021 e alguns analistas preveem uma grande mudança nos padrões de consumo de cortes de carne bovina, com os consumidores dando preferência por cortes mais baratos. O consumo de carne bovina no Brasil continua atrás do da carne de frango, que responde por cerca de 40% da proteína animal total consumida”, comenta o USDA.
O adido do governo norte-americano acrescenta que a demanda interna neste ano tende a diminuir 460 mil toneladas em virtude dos reflexos econômicos da pandemia do coronavírus, que levou ao fechamento de restaurantes, escolas e redução do turismo. “A ajuda emergencial fornecida pelo governo federal gerou reflexos positivos no consumo de alimentos básicos, mas a alta dos preços da carne bovina no varejo está forçando os consumidores a optarem pelo frango e, em menor medida, pela carne suína e ovos”, explica o USDA.
Fora a perspectiva de recuperação da demanda interna de carne bovina, o USDA destaca que as exportação brasileira de carne bovina tende a continuar forte tanto em volume quanto em receita no ano que vem. O USDA projeta que as vendas externas da proteína devam atingir novo recorde em 2,7 milhões de toneladas – volume 8% maior que o projetado para 2020. A alta deve-se principalmente à maior exportação para os mercados asiáticos, em especial à China, destaca o USDA. “Além disso, o crescimento mundial, projetado em torno de 5% em 2021, combinado com uma taxa de câmbio favorável, que torna a carne bovina brasileira muito competitiva, são motores que alimentam o otimismo entre os exportadores do setor”, diz o adido.
Carne suína – A produção brasileira de carne suína também deve aumentar em 2021. O USDA projeta alta de 4,5% no volume produzido pelo País, para 4,3 milhões de toneladas – volume que seria recorde. “Refletindo a continuidade das fortes exportações para a China, melhora da demanda doméstica e custos de ração estáveis no próximo ano”, observa o adido do USDA.
O consumo interno de carne suína deve avançar 4% para 3,2 milhões de toneladas no ano que vem, estima o USDA. “O consumo de carne suína continua em terceiro lugar, atrás de frango e carne bovina na preferência do consumidor brasileiro, compreendendo cerca de 15% da demanda total por proteína animal”, aponta o adido. Para a exportação brasileira de carne suína, o USDA projeta aumento de 6% no ano que vem, para 1,12 milhão de toneladas. “A China vai continuar demandando maiores volumes de carne suína brasileira durante 2021 devido ao impacto da peste suína africana naquele país e em outras partes do mundo”, observa o adido, acrescentando que a desvalorização de cerca de 30% do real contribui para manter a commodity brasileira competitiva no mercado internacional. (AE)