O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que a China deve continuar com importação expressiva de carnes bovina e suína até o fim deste ano. De carne suína, o país deve importar o recorde de 3,9 milhões de toneladas – volume 57% maior que o adquirido do exterior em 2019, projeta o Departamento, em relatório divulgado hoje. Já do corte bovino, os chineses devem adquirir 2,5 milhões de toneladas – volume 15% maior que no ano anterior, prevê a agência.
Segundo o USDA, o aumento das importações de ambos os cortes deve-se à perspectiva de alta no consumo interno de carne bovina e à produção ainda deprimida de carne suína. “Com baixa produção de carne suína em 2020, resultando em altos preços do produto, muitos consumidores chineses vão optar pela carne bovina como uma proteína alternativa”, avalia o USDA. No ano, o consumo do corte bovino deve atingir 9,45 milhões de toneladas, alta de 7% na comparação com a demanda doméstica de 2019, prevê o USDA.
O departamento do governo norte-americano considera que, embora os preços do corte bovino estejam elevados, a maioria dos processadores deve continuar cautelosa em não aumentar a criação de gado, em virtude do aumento no custo dos insumos. “Espera-se que número de cabeças de gado termine basicamente estável em 2020. A maior parte do incremento da demanda por carne bovina será atendida pelas importações”, acrescenta a agência. No ano, a produção de carne bovina da China deve atingir 7 milhões de toneladas – incremento anual de 4%, projeta a agência.
Segundo o USDA, parte do crescimento do consumo de carne bovina pelos chineses deve-se à dificuldade do país em retomar a produção de carne suína, desde o início da epidemia da peste suína africana (ASF, na sigla em inglês) em agosto de 2018, que dizimou o plantel do país. “Apesar do baixo número de casos oficiais relatados de ASF e dos esforços robustos de recuperação no segundo semestre de 2019, a produção e o abate de suínos em geral continuará deprimido em 2020”, avalia o departamento.
Diante do estímulo do governo chinês para produtores retomarem o plantel, o USDA estima que o estoque de suínos do país deve terminar este ano 9% superior ao observado no ano passado, em 337 milhões de animais. Já o abate de animais deve cair entre 20% a 24% em relação ao ano passado, com a produção atingindo 34 milhões de toneladas. “No entanto, a lacuna na oferta de carne suína da China supera amplamente a oferta global disponível, resultando preços altos persistentes”, pondera o USDA.
Sobre as importações chinesas, de ambos os cortes, o USDA ressalta que a assinatura e a implementação do acordo bilateral entre Estados Unidos e China deve incentivar a importação do produto norte-americano pelo país asiático. “Além disso, as exclusões de tarifas para importações de carne nos EUA vão estimular as compras adicionais em 2020”, conclui o relatório. (AE)