O movimento que resulta em forte queda das ações dos frigoríficos na B3 nesta segunda-feira é exagerado e não leva em consideração eventuais reflexos positivos do recuo do petróleo para o setor, avalia uma fonte do mercado de carnes. O interlocutor, que prefere o anonimato, observou que entre as consequências imediatas do tombo do petróleo estão a redução dos preços do etanol, o que deve desestimular a demanda por milho nos EUA. Isso significa maior oferta do cereal no mercado e produto mais barato. Além disso, os custos com os fretes internacionais devem diminuir.
Ele pondera ainda que o dólar valorizado favorece as empresas exportadoras. E que, embora existam incertezas no mercado internacional em relação ao consumo por causa do coronavírus, a demanda deve se manter. “As pessoas continuam comendo, mais em casa, mas continuam. Difícil acreditar que vai haver diminuição”, afirma. Assim, sua análise, “quando voltar a racionalidade” os papéis devem se recuperar na bolsa. Para a fonte, o que se vê hoje é uma busca por ativos mais seguros e os investidores não estariam olhando os setores individualmente.
Já empresas que têm dividas em dólar e não têm contrapartida de receita na moeda americana serão prejudicadas, disse a fonte, e isso pode se refletir nos balanços do primeiro trimestre deste ano.
Lygia Pimentel, da Agrifatto, concorda que o pânico no mercado “leva as cotações para abaixo do que deveriam estar”. Ela também acredita em recuperação dos papéis das empresas frigoríficas, mas avalia que as indústrias de carnes podem ser penalizadas no trimestre por aversão ao risco e por exportações mais lentas por causa do coronavírus. (AE)