Em nova alta de preços, a carne subiu 6,54% em novembro na comparação com outubro e foi o item que mais contribuiu para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mês, com 0,18 ponto percentual. As informações são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou o resultado do IPCA nesta terça-feira.
Com o aumento, a carne acumula alta de 13,9% no ano. Técnico do IBGE responsável pela pesquisa, Pedro Kislanov lembra que esse índice acumulado não reflete totalmente o encarecimento recente do produto, porque é aplacado por uma deflação nos primeiros meses do ano. Ao final de 2019, disse Kislanov, a carne era praticamente o único produto que pressionava a inflação oficial e assistiu a uma acomodação de preços no início de 2020.
Kislanov atribui o aumento no preço da carne ao cenário externo, com a demanda chinesa pelo produto em alta contínua e a commodity valorizada no cenário geral. A tendência de exportação, que encarece o produto internamente, é ainda maior em função da desvalorização cambial nos meses recentes, em que pese a valorização da moeda em novembro.
Além da conjuntura externa, diz Kislanov, houve um aumento do custo de produção que acabou repassado, efeito direto do aumento de preços de insumos como a soja e milho, utilizados na composição da ração de bovinos.
Por último, o especialista cita o possível impacto do auxílio emergencial na demanda, observando que, com a redução do benefício à metade a partir de outubro, esse fator “certamente” teve uma magnitude menor em novembro. (Valor Econômico)