A principal produtora de carne de frango dos Estados Unidos está com dificuldades para acompanhar o aumento na demanda por sanduíches crocantes e asas de frango. A Tyson Foods Inc. disse que está aumentando salários para elevar o número de funcionários em suas unidades de aves, gastando dezenas de milhões de dólares para comprar carne de concorrentes e até trazendo uma nova variedade de macho para ajudar a formar maiores plantéis.

Linhas de processamento com poucos funcionários e problemas nas fazendas prejudicaram a produção da gigante de carnes, disseram executivos, ao mesmo tempo em que a demanda por frango de restaurantes que estão reabrindo é alta. “Acreditamos que no verão, a oferta de frango será bem apertada”, disse ontem em teleconferência o diretor de operações da Tyson, Donnie King.

A indústria de carnes dos Estados Unidos é uma das muitas que têm trabalho para atender à demanda à medida que a economia do país se recupera da pandemia da covid-19. Indústrias, restaurantes, empresas de caminhões e outros segmentos têm dificuldades de preencher vagas de trabalho, enquanto problemas logísticos e um aumento na demanda levam ao avanço de preços de produtos que vão desde chips de computador a ketchup.

Na indústria de frango, preços de peito sem osso e sem pele mais do que dobraram desde o início do ano, e preços de asas bateram recordes. Enquanto processadoras como Tyson, Pilgrim’s Pride e Sanderson Farms enfrentam problemas de produção, cadeias de fast food promovem novos sanduíches de frango. Asas também estão presentes em menus de delivery de muitos restaurantes.

A covid-19 se espalhou rapidamente no ano passado entre funcionários de unidades de produção de carnes, aumentando a dificuldade da indústria de manter equipes completas nas plantas. Para a Tyson, que produz cerca de um quinto da carne de aves do país, entre 15% e 20% dos funcionários de plantas não estão trabalhando presencialmente num dia útil típico, informou King, por necessidades de cuidado com crianças e preocupações relacionadas ao coronavírus. Pagamentos de estímulos pelo governo, cujos proponentes dizem ser necessários para o apoio a desempregados e pessoas ainda lidando com o efeito econômico da pandemia, também dificultaram o preenchimento de vagas, disseram executivos da Tyson.

“Nós simplesmente não conseguimos fazer as pessoas voltarem consistentemente ao trabalho”, relatou King. A Tyson tem elevado salários e investido em sistemas de produção mais automatizados, afirmou o CEO Dean Banks.

O tempo frio em fevereiro também atrapalhou a produção de frangos da Tyson. Ovos perdidos em fazendas atingidas por apagões e outros problemas custaram à companhia o equivalente ao volume de frango produzido em uma semana, comentou King. Separadamente, a Tyson lida com a queda no número de pintinhos nascidos com sucesso, e King afirmou que a empresa está adquirindo uma variedade diferente de frangos machos para aumentar os rebanhos.

A Tyson também está construindo uma nova unidade de processamento de frangos no Estado do Tennessee, e King afirmou que a companhia considera novas unidades que ajudariam a deixar a produção mais equilibrada em relação à demanda. Enquanto isso, a empresa tem gastado altos volumes para compensar suas dificuldades, pagando US$ 60 milhões adicionais no trimestre mais recente para comprar carne de fornecedores rivais.

Esses e outros custos reduziram o lucro com frangos da Tyson para o trimestre que se encerrou em 3 de abril, informou a empresa nesta segunda-feira. O aumento no preço de grãos – tradicionalmente a parte mais custosa de se produzirem aves – e gastos relacionados à pandemia reduziram a receita operacional de frangos da Tyson para US$ 6 milhões no período, ante US$ 99 milhões no ano anterior.

O lucro total da Tyson subiu 27%, superando as expectativas de analistas, com preços médios mais altos em todas as linhas de produtos. A empresa alertou que o resultado do segmento de aves no ano fiscal 2021 provavelmente será menor do que o do ano anterior.

(AE)