Já presente no mercado de matérias primas para alimentação animal, a Cargill anunciou nesta quinta-feira o lançamento de sua primeira marca de ração pronta personalizada para ruminantes. Com nove formulações diferentes, o produto busca atender as necessidades de diferentes escalas de produção da pecuária de corte e de leite e a cada elo dessas cadeias (cria, recria e engorda). “O grande apelo desse negócio é a praticidade e a conveniência. Nós trouxemos pro negócio de nutrição de bovinos a conveniência”, explica Angelo Pedrosa, gerente comercial da companhia.

Com formulações que levam, além de matéria seca, também ingredientes líquidos como melaço de cana, o produto ganhou o nome wet feed (ração úmida) e é vendido em embalagens plásticas de dispensam a necessidade de silos de armazenagem ou estoques. “A mudança principal é essa: a gente vai migrando para ser muito mais um vendedor de soluções completas do que de ingredientes”, explica Laerte Moraes, diretor da companhia.

Investimento

O lançamento envolveu o investimento de R$ 150 milhões na unidade de Uberlândia da empresa, gerando uma capacidade de produção de 60 a 72 mil toneladas anuais, com potencial de dobrar esse volume nos próximos três anos. As vendas começaram em março e devem ganhar fôlego já nos próximos meses, durante o período de seca – quando a suplementação alimentar se faz mais necessária no campo.

“Essa migração de matéria prima para produto acabado, inclusive, é para tentar atender um pouco do excesso de demanda que temos aqui [em Uberlândia]”, ressalta Pedrosa. De acordo com ele, as filas para a aquisição de matéria seca neste período do ano chegam a dois dias na região do triângulo mineiro. “Agora a gente pretende atender um pouco dessa demanda com essa linha, basicamente nesse mercado regional, que é muito rico tanto em pecuária de corte quanto em pecuária de leite”, conclui.

Além dos produtos “de prateleira”, com formulações padrão que atendem às necessidades média do pecuarista, a Cargill também espera contar com encomendas personalizadas de grandes produtores mais tecnificados.

Embalagem

A apresentação da ração úmida da Cargill é outra inovação da empresa, que aplicou uma tecnologia usada originalmente para embalar lixo na Europa para selar o produto de tal forma que ele não entre em contato com o ambiente externo. Foi essa tecnologia que permitiu a empresa dispensar a necessidade de capacidade de armazenagem por parte do produtor. “A nossa ideia inicial era fazer a granel, mas o Angelo começou a trazer isso e virou só bola no final das contas”, conta Moraes, ao se referir ao formato esférico das embalagens.

O isolamento hermético proporcionado pelo plástico contribui ainda para o processo de fermentação do produto, de tal modo que a ração aumente suas propriedades de palatabilidade com o passar do tempo. “O produto entra úmido e como a condição ali é anaeróbica, ele entra em processo de fermentação. É como um vinho, ele melhora. O produto com seis meses de armazenagem é melhor que o de trinta dias porque as enzimas e os ácidos orgânicos já melhoraram a digestibilidade do grão. Então é um produto que até o tempo de armazenagem corre a favor”.

Nova planta em Bebedouro

Após o lançamento da fábrica de ração de Uberlândia, a Cargill pretende agora abrir uma nova unidade em Bebedouro, no interior de São Paulo. Ainda em aprovação, o projeto envolve uma planta de produção de pectina com investimento aproximado de R$ 550 milhões. “Estamos avançados já no processo de aprovação, mas falta a aprovação final por parte da companhia”, revelou Moraes, ao apontar uma “expectativa muito grande” de que esse aval ocorra nos próximos meses. O início das obras está previsto para o primeiro semestre de 2019. E, em dois anos, a fábrica estará pronta para começar suas atividades. (Portal DBO)