O real pode continuar sob pressão de baixa diante do dólar forte no exterior nesta manhã, em meio à alta dos juros dos Treasuries longos, diante da expectativa de que a inflação nos EUA acelere conforme a economia se recupere dos efeitos da pandemia em meio à vacinação acelerada no país.
Cautela local tende a persistir também em meio à reforma ministerial decorrente da crise política e da piora da pandemia no País, que eleva o risco fiscal em meio a expectativas sobre a sanção presidencial, com vetos ou não, do Orçamento de 2021.
Com o Centrão saindo vitorioso na reforma ministerial – a deputada Flávia Arruda (PL-DF), integrante do Centrão e que preside hoje a Comissão Mista de Orçamento do Congresso -, o presidente Jair Bolsonaro fica sob pressão para não vetar “as pedaladas” incluídas pelo Congresso na peça orçamentária. Tende a se consolidar ainda a percepção de que as reformas estruturais e privatizações no governo podem continuar paradas, uma vez que os parlamentares e também o próprio Bolsonaro podem defender seus interesses político-eleitorais visando reeleição em 2022. Conforme apurou a Coluna do Broadcast, o presidente deu passos relevantes com a troca de seis ministros rumo à radicalização política e militar. As pedaladas no orçamento estão na mira do Tribunal de Contas da União. Por isso, governo e lideranças do Congresso devem encontrar uma solução para evitar crime de responsabilidade fiscal, passível de impeachment.
Mas por ser véspera de definição da taxa Ptax Referencial de março, amanhã, é possível que os “vendidos” em contratos cambiais (apostaram na queda das cotações do dólar) atuem para forçar a moeda americana para baixo, a fim de minimizar perdas uma vez que o dólar acumula ganho de 2,87% no mês, o que beneficia os “comprados” em contratos cambiais, além da alta de 11,13% da moeda americana apurada neste ano.
Além disso, o IGP-M de março subiu 2,94%, após 2,53% em fevereiro, e acumula 31,1% em 12 meses. O resultado mensal ficou abaixo da mediana de 3,02% das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast, mas dentro do intervalo que ia de 2,82% a 3,89%. Em relação ao acumulado em 12 meses, a taxa informada ficou levemente menor que a mediana de 31,30% das expectativas (30,96% a 32,31%). Ainda assim, o indicador corrobora expectativas de alta de, pelo menos, 1 ponto da Selic em maio, ajudando a limitar a valorização do dólar frente o real.
Mas, a liquidez pode continuar mais fraca com as antecipações de feriados em várias cidades do País, incluindo São Paulo, o que contribui ainda para maior volatilidade na sessão.
Ontem, após registrar mínima a R$ 5,7381, o dólar à vista fechou em alta de 0,44%, a R$ 5,7663, após tocar em máxima acima dos R$ 5,80, refletindo os riscos de pedaladas fiscais, troca de ministros e alta dos juros dos Treasuries de longo prazos. (AE)