O dólar pode ampliar a volatilidade nos próximos dias, por causa da disputa técnica em torno da taxa Ptax referencial do fim de março, que será definida na quarta-feira. Hoje, o investidor deve olhar o dólar forte ante divisas emergentes e ligadas a commodities em meio à recuperação e alta do petróleo nesta manhã e digere a Pesquisa Focus. Os economistas do mercado financeiro elevaram pela décima segunda semana consecutiva a previsão para o IPCA – o índice oficial de preços – em 2021. O Relatório de Mercado Focus, divulgado há pouco pelo Banco Central, mostra que a mediana para o IPCA este ano foi de alta de 4,71% para 4,81%. Há um mês, estava em 3,87%. Já a projeção para o índice em 2022 continuou em 3,51%. Na sexta, a calibragem das apostas para o próximo Copom fechou concentrada em alta de 1 ponto porcentual da Selic em maio.
Após o País registrar média móvel recorde de 2.598 mortes por covid-19 nos últimos sete dias e mais de 312 mil óbitos no total, acontece hoje também a primeira reunião do Comitê de Coordenação da Covid-19 no País. E deve ficar no radar ainda o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que participa à tarde (16 horas) de audiência no Congresso, para debater o Plano Nacional de Imunização.
Com a vacinação muito lenta – apenas 15.476.005 de pessoas foram vacinadas até o momento, ou 7,31% do total da população brasileira – e o descontrole da pandemia no País, o presidente Jair Bolsonaro deve decidir se demite o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, após o aumento da pressão política e empresarial pela saída de Araújo e também do titular da pasta do Meio Ambiente, Ricardo Salles. A revolta é tão grande que um dos signatários da carta dos economistas, divulgada no fim de semana passada, o gestor do Fundo Verde, Luís Stuhlberger, em entrevista exclusiva ao Broadcast, revelou ontem que “com essa assinatura, estou dizendo que votei em você (Bolsonaro) no primeiro turno em 2018, acreditei na sua proposta, mas você não vai ter mais o meu voto. Nunca mais”.
Nos próximos dias, Bolsonaro deve sancionar também, com vetos ou não, o Orçamento de 2021, que inclui várias pedaladas contábeis. A manobra nas despesas obrigatórias foi feita para acomodar R$ 26 bilhões de emendas do relator geral, senador Márcio Bittar (MDB-AC), que elevou o valor total das emendas parlamentares para R$ 51,6 bilhões (o maior nível histórico). Nas contas da assessoria técnica do Novo, o Orçamento aprovado pode acabar significando um estouro de R$ 43 bilhões no teto, caso nada seja feito. O ministro da Economia, Paulo Guedes, avisou o presidente que o Orçamento ficará “inexequível”. Cálculos da equipe econômica feitos nesta sexta-feira mostram que a máquina do governo teria que funcionar com apenas R$ 49,5 bilhões até o final do ano – praticamente a metade do que os especialistas consideram o patamar mínimo para não ter uma paralisação (shutdown).
Nesta manhã, os índices futuros das bolsas de Nova York operam em baixa, depois que um grande fundo de investimento se desfez de bilhões de dólares em ativos, gerando temores de que bancos globais que têm negócios com a firma possam sofrer grandes prejuízos. Nas últimas horas, o Credit Suisse e a Nomura Holdings alertaram que poderão sofrer fortes perdas relacionadas a transações com um cliente dos EUA, sem identificá-lo. A queda dos juros dos Treasuries ajuda a conter as perdas em NY.
Antes do feriado de Sexta-feira Santa, a agenda econômica traz ainda o IGP-M de março, nesta terça, além dos dados do Caged e do Governo Central de fevereiro. A taxa de desemprego de janeiro e os números do setor público consolidado de fevereiro serão conhecidos na quarta-feira, enquanto os dados de produção industrial de fevereiro e os da balança comercial de março, na quinta-feira, dia 1º de abril. No exterior, as atenções estarão na secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, que falará em evento na quarta-feira, e no relatório de empregos (Payoll) americano, na sexta-feira.
Na última sessão, o dólar à vista fechou em alta de 1,25% a R$ 5,7413. (AE)