Após fechar em leve baixa ontem, antes do STF considerar o ex-juiz Sergio Moro parcial no julgamento do ex-presidente Lula no caso do tríplex do Guarujá, o dólar à vista pode ajustar-se com viés de alta na abertura dos negócios. Incertezas sobre a votação do orçamento de 2021, marcada para amanhã, e expectativas pela reunião dos presidentes dos três poderes, governadores e ministros para tratar da gestão da pandemia, que está fora de controle no Brasil, podem pesar também. Segundo analistas, a decisão do STF contra Moro reforça a chance de Lula vir a disputar a eleição presidencial de 2022.
Já uma queda inicial do dólar poderia ser induzida também pela alta dos futuros de Nova York e do petróleo, em meio ao recuo persistente dos juros longos dos Treasuries nos Estados Unidos nesta manhã. Também as bolsas europeias reduziram perdas de mais cedo, provocadas pelo agravamento da pandemia de covid-19 na região, após os índices de atividade (PMIs) locais mais fortes do que previam os analistas, o que também ajudou na desaceleração da queda do euro frente o dólar. Em relação a divisas emergentes no exterior, o dólar opera majoritariamente em baixa nesta manhã.
Ontem à noite, o presidente Jair Bolsonaro ganhou mais um panelaço nacional durante seu pronunciamento na TV para “tranquilizar o povo brasileiro”, no mesmo dia em que o Brasil bateu novo recorde de mortes por covid-19, ultrapassando pela primeira vez a marca de 3 mil, com 3.158 óbitos em 24 horas, e horas depois de o governo anunciar a redução nas vacinas para abril.
Nas próximas horas, os investidores vão monitorar ainda o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que fala no começo da tarde (13h55). No fim da manhã, o foco estará no presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e na secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, que testemunham no Comitê Bancário do Senado americano (11h00), além de comentários de vários dirigentes do Fed.
Ontem, o dólar fechou praticamente estável no mercado à vista, com leve queda de 0,04%, a R$ 5,5157. Já o dólar com vencimento em abril terminou em alta de 0,26%, cotado a R$ 5,5240, após a decisão do STF contrária a Moro. (AE)