Um alívio há pouco nos juros dos Treasuries, após altas registradas mais cedo, pode até abrir espaço para uma abertura em queda do dólar ante o real, após a subida ontem para R$ 5,6396, precificando estresse com o risco fiscal em meio ao pedido dos governadores de aumento do valor do novo auxílio emergencial para R$ 600. Além disso, o Banco Central realiza leilões de linha (oferta de venda conjugada com leilões de compra de moeda estrangeira no mercado interbancário de câmbio) de até US$ 3 bilhões, na modalidade pós-fixado Selic (das 10h20 às 10h25).
Contudo, a cautela com a pandemia fora de controle no Brasil e com as contas públicas e o risco fiscal do governo federal poderá se sobrepor e trazer pressão de alta ao dólar no mercado doméstico. O IPCA-15 de março pode vir pesado pelo efeito do dólar e dos preços de combustíveis, principalmente. O indicador de inflação, que sai às 9 horas, tende a mexer com a curva de juros futuros e também pode afetar o dólar, em meio à calibragem de apostas para a reunião do Copom de maio, cuja maioria espera alta de 0,75 ponto da Selic, a 3,50%, ante os 2,75% ao ano atual.
O Relatório trimestral de Inflação, já divulgado mais cedo, basicamente repete os comentários da ata do Copom, e o BC procura mostrar-se comprometido com a meta para manter a inflação de 2022 ancorada.
Deve mexer mais na precificação dos juros e do dólar a entrevista do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e do diretor de Política Econômica, Fabio Kanczuk, sobre o RTI, no fim da manhã. Além disso, estão no radar a última leitura do PIB dos EUA do quarto trimestre (9h30) e a sessão do Congresso, à tarde, para votar o Orçamento de 2021.
A sessão plenária do Congresso terá duas etapas: às 14 horas para os deputados federais e, às 17 horas, para os senadores. Antes, o projeto precisa ser votado na Comissão Mista de Orçamento (CMO). Enquanto os governadores pedem auxílio emergencial de R$ 600, o que gerou estresse nos mercados no fim da tarde ontem, o líder da minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN), criticou o patamar de investimentos dos militares do Orçamento de 2021, de R$ 8,3 bilhões – um quinto (22%) do total para todo o governo federal. Há pressão por mais recursos para obras e saúde, em meio à pandemia de covid-19. Ontem, o Brasil ultrapassou as 300 mil mortes pela doença (301.087 óbitos) com colapso hospitalar. Só após um ano desde o início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a criação de um comitê de crise para centralizar as ações contra o vírus.
Ontem, quando houve relatos de saída de recursos, com o dólar casado bastante estreito, o real voltou a ter o pior desempenho dentro de uma cesta de 34 moedas. A divisa americana encerrou o dia perto das máximas, a R$ 5,6396, com valorização de 2,25%. O dólar futuro com vencimento em abril fechou em alta de 1,78%, cotado a R$ 5,6225. (AE)