Após subir 1,81%, a R$ 5,6749 na sexta-feira, o dólar à vista até pode passar por ajuste de baixa nos primeiros negócios, diante da queda dos juros dos Treasuries longos nesta manhã, que ajuda a enfraquecer o dólar no mundo, em meio a temores de descontrole da inflação nos EUA e na China. Mas, um alívio frente o real pode ser limitado e o dólar pode voltar a subir em meio ao impasse persistente em torno das emendas do Orçamento e por cautela com a abertura da CPI da pandemia em meio a ruídos políticos.
Amanhã, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pretender ler o requerimento de criação da CPI na Casa e, na quarta-feira, o tema deve ser julgado no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). A tendência é que os ministros confirmem a liminar concedida por Luís Roberto Barroso, que determinou a investigação, no Senado, da gestão da pandemia pelo governo federal.
No sábado, o presidente Jair Bolsonaro pressionou o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) a ingressar com pedidos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O Senado tem hoje dez pedidos de impeachment contra ministros do STF na gaveta de Pacheco, seis deles contra o ministro Alexandre de Moraes. O presidente também cobrou que a CPI, se instalada, trabalhe para apurar a atuação de prefeitos e governadores. “Nós dois estamos afinados. CPI ampla e investigar ministros do Supremo. Ponto final”, disse Bolsonaro a Kajuru. E o senador Alessandro Vieira (Cidadania/SE) protocolou no sábado, 10, pedido para que a CPI da Covid-19 também apure ações dos governos de Estados, do Distrito Federal e dos municípios. Com Bolsonaro sob pressão, a expectativa é de que pode aumentar o custo do apoio do Centrão para livrar o presidente da CPI e também de eventual abertura de processo de impeachment.
No câmbio, uma antecipação de rolagem do vencimento de swap cambial de junho, de 182.050 contratos de swap (US$ 9,103 bilhões) pode contribuir também para limitar alta no fim da manhã, porque com essa operação no mercado futuro o Banco Central evitaria uma pressão de demanda maior sobre o dólar. O primeiro leilão dessa rolagem, hoje (11h30), terá oferta de até 15.000 contratos (US$ 750,0 milhões).
Além disso, o fluxo cambial fica no radar em meio a previsões dos IPOs da Viveo e da rede de hospitais Mater Dei, ambos no dia 14, quarta-feira. Conforme informaram no prospecto preliminar, a expectativa é de que cada uma delas gire em torno de R$ 1,9 bilhão. Uma Live ontem com o embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, também deve repercutir. A fala do embaixador corresponde a um ultimato ao Brasil, indica que os EUA devem dificultar o ingresso do País à OCDE e a acordo de livre comércio bilateral enquanto o governo e o setor privado não adotarem ações de preservação da Amazônia, especialmente no combate ao desmatamento ilegal. e pare, foi bastante taxativo: a preservação da Amazônia é um tema fundamental para as negociações entre o Brasil e os Estados Unidos em várias frentes.
A pressão do governo Biden junta-se a de fundos de investimento estrangeiros, que cobram desde o ano passado avanços do País na defesa de uma pauta ambiental e na preservação da região amazônica para manterem ou continuarem alocando seus recursos no País. Sem medidas novas por parte do governo local, tende a aumentar a pressão para a saída do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Já pode ser um sinal de retaliação a exclusão do Brasil do roteiro de autoridades dos Estados Unidos, que visitam países da América do Sul, como Colômbia, Argentina e Uruguai, entre os dias 11 e 15 de abril. (AE)