O governo brasileiro publicou uma instrução normativa conferindo segurança jurídica para importações de soja e milho transgênicos dos Estados Unidos, em um momento em que o Brasil lida com baixos estoques e preços recordes desses produtos.
A instrução normativa, segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura, reconhece a equivalência de eventos geneticamente modificados entre Brasil e EUA.
A norma busca eliminar incertezas sobre importações dos EUA, já que o país da América do Norte possui eventos transgênicos ainda não aprovados no Brasil, conforme afirmam especialistas.
Os norte-americanos são potenciais fornecedores de grãos ao Brasil, que enfrenta uma escassez de soja, principalmente, após fortes exportações para a China e diante de aquecida demanda interna.
Com preços recordes de soja e milho, o governo brasileiro zerou a tarifa de importação desses grãos para países de fora do Mercosul, no mês passado.
A norma, publicada na quarta-feira e relatada à Reuters pela assessoria na noite de quinta-feira, surge na mesma semana em que os EUA confirmaram uma exportação de 30 mil toneladas de soja ao Brasil.
As importações de soja pelo Brasil, contudo, devem ser maiores de parceiros do Mercosul, conforme indicam as projeções neste momento.
De janeiro a setembro, as importações de soja pelo Brasil somaram 528 mil toneladas, segundo dados do governo, que apontam o Paraguai como maior fornecedor, com 521 mil toneladas. No ano passado, as compras brasileiras foram de apenas 144 mil toneladas.
Na véspera, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) revisou sua projeção de importação de soja pelo Brasil para 1 milhão de toneladas, ante 850 mil toneladas na estimativa de outubro.
O volume de 1 milhão de toneladas, se confirmado, seria a maior importação pelo Brasil desde 2008, pelo menos, segundo dados da Abiove.
As importações estão fortes após volumosos embarques pelo Brasil, o maior produtor e exportador de soja.
De janeiro a novembro, as exportações do país estão projetadas em 82 milhões de toneladas, versus 69,9 milhões no mesmo intervalo de 2019, com a maior parte das vendas já realizadas, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
Para novembro, a Anec projeta exportações do Brasil de apenas 688,1 mil toneladas, o menor volume mensal do ano, diante dos baixos estoques.
O Brasil deverá passar para a próxima safra com os menores estoques da história, de 319 mil toneladas, segundo a Abiove.
A partir de janeiro, quando a colheita começa, espera-se que a oferta se regularize.
A Abiove elevou na véspera a estimativa de produção de soja do Brasil em 2021 para 132,6 milhões de toneladas, ante 131,7 milhões na previsão anterior, o que seria um novo recorde.
Em 2020, safra também foi histórica, de 126,4 milhões de toneladas, segundo a Abiove, mas a forte demanda chinesa colaborou para reduzir fortemente os estoques. (Reuters)