(Reuters) – O Brasil, segundo exportador global de milho, exportará um volume recorde de 38 milhões de toneladas do cereal em 2019, com o produto nacional mais competitivo que o dos Estados Unidos, em um ano em que os brasileiros estão colhendo uma safra gigantesca e os norte-americanos enfrentam atrasos históricos no plantio, avaliou nesta segunda-feira a Agroconsult.
No ano passado, quando o Brasil sofreu uma quebra de safra, a exportação brasileira atingiu apenas 24 milhões de toneladas, enquanto o recorde anual até o momento do país gira em torno de 31 milhões de toneladas, em 2017, segundo dados do governo.
“O milho americano está caro, temos expectativa de recuperar alguns mercados que perdemos no ano passado, estamos bastante competitivos”, afirmou o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, acrescentando que o Brasil teria oferta para exportar mais, em caso de os problemas norte-americanos se agravarem.
Em uma safra normal, os EUA, maiores produtores e exportadores de milho, colheriam cerca de 380 milhões de toneladas, mas a safra, até agora, atingiria 328 milhões de toneladas, “com viés de baixa”, disse Pessôa a jornalistas.
Uma vez que o plantio e o desenvolvimento do milho dos EUA estão historicamente atrasados, ainda não é possível saber o tamanho exato dos problemas norte-americanos. Quando plantado fora da janela ideal, o cereal do país da América do Norte fica mais sujeito a seca ou geadas em períodos críticos.
As fortes chuvas que causaram problemas no plantio também geraram dificuldades para escoar o milho por hidrovias nos EUA, levando produtores norte-americanos de etanol, situados mais perto da costa, a realizarem atípicas importações de milho brasileiro e argentino.
Líderes em milho, os EUA ainda contam com bons estoques atualmente, disse Pessôa, mas a questão logística permitiu embarques de milho sul-americano ao maior produtor global. “As exportações (aos EUA) foram feitas mais em decorrência de questões logísticas do que disponibilidade”, destacou o especialista.