O Bradesco reservou 2,7 bilhões de reais para cobrir potenciais perdas de crédito causadas pela pandemia do COVID-19, o que levou a instituição financeira a registrar um resultado abaixo das estimativas dos analistas no primeiro trimestre.

O banco divulgou nesta quinta-feira lucro líquido recorrente, que exclui itens extraordinários, de 3,753 bilhões de reais, queda de quase 40% em relação ao ano anterior e abaixo da estimativa média de analistas de 5,975 bilhões, segundo dados da Refinitiv.

As provisões para perdas com empréstimos do banco aumentaram 86% em relação ao ano anterior, para 6,708 bilhões de reais, já que o Bradesco espera maior inadimplência por parte de consumidores e empresas que enfrentam os efeitos econômicos da pandemia de Covid-19.

O Bradesco agora possui um colchão de proteção total de 5,1 bilhões de reais para enfrentar um cenário econômico adverso, que pode levar a mais calotes, falências e perda de empregos.

Os ganhos comerciais do banco também foram atingidos por mercados mais voláteis e caíram 27,8% em relação ao ano anterior, para 1,535 bilhão de reais.

O retorno sobre o patrimônio líquido alcançou 11,7%, queda de mais de 9 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior, como resultado de maiores provisões.

As medidas de quarentena impostas por governos na expectativa de frear o avanço do vírus tiveram efeito a partir de meados de março, portanto seu impacto nas operações bancárias do primeiro trimestre ainda foi limitado.

A carteira de empréstimos do Bradesco cresceu 5,1% em relação a dezembro, principalmente em empréstimos corporativos, uma vez que grandes empresas estavam com apetite por crédito, com receio de uma forte recessão provocada pelas medidas de isolamento.

A receita de tarifas do Bradesco aumentou 2,6% em relação ao ano anterior, principalmente com conta corrente e taxas de corretagem.

O Banco Central do Brasil disse na quarta-feira que os bancos podem precisar de cerca de 70 bilhões de reais em capital adicional para enfrentar maiores provisões para perdas com empréstimos, de acordo com o pior cenário de um teste de estresse.

Por conta da maior volatilidade dos mercados, o capital principal do Bradesco caiu para 10,3% no primeiro trimestre, queda de 1,7 ponto percentual ante os últimos três meses de 2019. (Reuters)